Romilton Teles Santos
Aos nove anos de idade, não me era dado o direito de ler Jorge Amado, considerado pelos meus pais, de escritor IMORAL. O realismo dos seus contos, em livros que somente a classe dita alta podia comprar, falava de coisas que nos era proibido, vulgar, desrespeitosas. O pudor era ferido se uma moça, diga-se senhorita de família demonstrasse interesse em ler tais livros. Passados mais de uma década, sua dita imoralidade despertou interesse a um grupo político da época que dizia abertamente que seria implantada sua filosofia aqui, através da derribada dos conceitos de decoro ou pudor das famílias que impediam o sucesso que desejavam. Seus livros caíram como uma bomba de efeito retardado e você foi apoiado por àquele grupo que abriu-lhe às portas do mundo, principalmente da França centro cultural da época, que lhe projetou. Mas você possuía nas veias sem saber, o sangue do nordestino desconfiado, investigativo, e depois de conhecer as atrocidades que a tal filosofia política praticava, quando de posse da situação, deu a “meia volta volver”, comum naquela época, livrou-se daquela propaganda enganosa e voltou ao seu ninho filosófico, passando a ser “anarquista”, o que na verdade sempre foi. Você existiu, agora. Você não morreu ! Venceu o tempo e chegou ao ápice cultural do meu Pais.
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