CADA UM TEM SUA HISTÓRIA
!
ESTEJA SEMPRE PRONTO PARA APARAR
ÀS PEDRAS QUE O DESTINO LHE JOGAR
!!
(Romilton Teles)
Meu pai(Marcionílio Elizio Santos. Minha mãe Maria José Teles Santos, Naturais de
Nazaré-Bahia, onde se conheceram e se casaram. Ele, de profissão, pedreiro e
ela de prendas domésticas. Ele, filho do negro Antonio Morobô e ela filha do
Português Luiz Teles. Ele, negro de puro sangue. Ela de cor branca, esbelta e
bonita. Além da profissão que ele exercia, era também jogador de futebol, Ele jogava no time Barroso, ela torcia para o
time Internacional, todos da mesma cidade que os viu nascer. Discutiam muito
porque ele tinha muita fama mas jogava no time que não era o dela. Aproximaram-se
e das discussões foi surgindo uma amizade que terminou em namoro e em pouco
tempo estavam casados, contrariando o pai dela que era racista, não aceitava.
Do casamento nasceram Regina, Romilton,
Rosiel e Rosinha, esta aos seis
meses de idade veio a falecer. Até os catorze anos, mesmo sendo um bom aluno da
Escola Dr. Alexandre Bittencourt, já tendo aprendido a costurar calça e palitó,
de ouvir rádio(em bares da rua Fontinha de Cima) de participar de festejos da
cidade, mesmo assim, não era esclarecido em muitas coisas, o que nos tempos
atuais, com sete ou oito anos, as crianças já sabem de tudo, daí precisar da
orientação de minha irmã Regina que era dois anos mais velha do que eu e ser
informado, orientado em muitas coisas. Segundo ela, eu nasci em Jequié, quando
meu pai acompanhado da esposa e da filha, dirigiam-se para Maracás, onde um
compromisso de construção de obra esperava por ele.Com meu nascimento, houve
uma mudança de programação e um tempo a família permaneceu em Jequié, onde o
pedreiro passou a trabalhar enquanto, depois do resguardo, todos retornamos à
Nazaré. E a vida continuou feliz para o casal, agora com dois filhos. Pouco
tempo depois, nasceu meu irmão Rosiel, sem nenhuma anormalidade, o mesmo não
podendo dizer da Rosinha que aos seis(6)meses, veio a falecer. A essa altura,
minha mãe apresentava sinais de fraqueza, sempre doente. Sentia uma frieza nas
costas .O Marcionílio que tinha boa condição econômica, pois era mestre de
obras e jogador de futebol, possuía
automóvel(era sempre convidado para jogar em outras cidades e era
contratado para isso). Sua última partida ocorreu no lugar de nome VIADOS, onde
foi convidado para jogar numa quarta-feira, ganhou o jogo e saiu de campo
aplaudido, más um grupo, jogava-lhe cerveja gelada(em toneis de madeira)
enquanto o contratante combinou para ficar no lugar até o próximo Domingo
quando haveria uma outra comemoração.
Tudo acertado, más no sábado meia-noite, o responsável pelo contrato
compareceu na Pensão onde o Marcionílio estava hospedado e lhe disse de uma
emboscada que estavam preparando prá ele, no domingo em campo, quando o
matariam. Deu-lhe um jumento e mandou que saísse pela porta do fundo da pensão
fosse até Santo Antônio de Jesus pegar o
trem e retornar à Nazaré. E assim o Marcionílio fez. Deixou de jogar, pois
achou que a família era mais importante. É bom lembrar que o jogador do qual
estou falando era chamado de “PÉ DE HÉLICE” apelido que lhe deram porque era
muito rápido correndo em campo e chutando forte. Era comum quando chutava um
pênalti dizer para o goleiro:” Tem cinquenta mil reis se pegar este pênalti”.
Era convidado sozinho para jogar com qualquer time, as vezes se fazia
acompanhar de AUGUSTO ou BARÃO, seus colegas no time Barroso. Ele era quem
organizava com os jogadores da localidade, as jogadas e quem fazia a maior
parte dos gols. Na Capital do Estado o famoso jogador da época era “POPÓ”, mas,
no interior era “PÉ DE HÉLICE.”
Minha mãe MARIA JOSÉ’ em l942 e l943 teve seu estado de saúde agravado e
sempre era levada à Salvador, para isso se pegava o trem de Nazaré até São
Roque, onde pegava-se o “Vapor”(navio) para chegar em Salvador onde era
atendida pelo Dr. Pita Lima, muito famoso, na época. Meu pai gastou o que tinha
na tentativa de cura-la, não conseguiu e em l943, veio a mamãe falecer. Meu pai
explodiu de raiva, abandonou a cidade, deixando-nos, Eu, Regina e Rosiel com a
mãe da minha mãe, minha avó, CECILIA MARIA DA CONCEIÇÃO, uma vendedora de doces e minguaus, com o que
nos sustentava. Ela tinha um ponto de vender mingaus no mercado do peixe, na
beira do Rio Jaguaripe perto dos “ARCOS”(um prédio antigo com portões em forma
de arcos, onde se davam as feiras livres da cidade, servindo também para a
feira dos CAXIXÍS, sempre próximo à semana santa. Ceccília tinha um
relacionamento com os vendedores de peixe e de carne fresca e conseguia trocar
mingaus por peixe ou carne e sempre em nossa casa não faltava alimentação que era abundante. Meu avô, o português LUIZ
TELES, não aceitou o namoro de minha mãe com o meu pai e depois que morreu,
segundo os que acreditam, “baixava” nas sessões espíritas e dizia que meu pai
não gozaria do casamento, e que levaria ela. Com a morte prematura de Maria
José, minha mãe, passamos a acreditar que o imaterial existe ao ponto de ofender os que
aqui permanecem. Minha avó me colocou na escola, minha avó, me colocou para
aprender o ofício que meu pai exercia: minha avó me colocou para aprender a
profissão de alfaiate, já que o MESTRE CAPITÃO com quem ela me colocou para aprender
a profissão, me fazia de burro de carga, aos nove anos de idade, para levar
tábuas velhas e outras madeiras velhas das construções para a casa dele que
serviam de lenha para o fogão. Acertado com o mestre MIGUEL ARCANJO DE ARAÚJO,
O MIguel Alfaiate, numa sexta-feira eu comecei a aprender o ofício. No primeiro
dia o mestre me colocou o “cabresto”. Isto é, um DEDAL com uma fita de pano
preso ao dedo para usar a agulha no
tecido evitando-se que a agulha fure o dedo. Tudo bem, fui orientado a limpar o
salão com uma vassoura, passar o pano nos pés das máquinas, pés de ferro e
máquina Singer, na época, coisa especial. No outro dia, era carnaval, um sábado
e eu não fui parra a alfaiataria. Minha avó ao retornar da vendagem do minguau,
me disse que passou na porta da alfaiataria e o Mestre e O Oficial(o ajudante
do mestre que faz já as mesmas coisas
que ele), estavam trabalhando e que eu tinha que comparecer à tarde, pois a
oficina estava aberta.. Naquele tempo
não se discutia ordem dos pais e eu simplesmente compareci , à tarde na
oficina, sendo recebido pelo Mestre com espanto. Ele dizia: Hum, quer dizer que
o senhor é carnavalesco e não veio trabalhar Dito isso, me puxou pelo braço
levou-me até à sala de jantar da casa, onde pegou uma palmatória e me aplicou
quatro (4) bolos nas mãos e me mandou
sentar e fazer os auxiliados, como havia aprendido no dia anterior. Fiquei
nervoso, pensei em fugir; em dar um jeito e ir para o lugar onde estava meu
pai, a cabeça só pensava em coisa ruim, mas, eu não tinha iniciativa nem meios.
Quando cheguei em casa à tardinha que
contei a minha avó, fui proibido por ela de contar aquelas coisas. Ela nunca
havia me espancado! Fiquei calado e na segunda-feira estava de retorno a
oficina, cumprindo as mesmas coisas,
limpar os pés das máquinas, varrer o salão onde trabalhávamos e fazer os
auxiliados, nos vivos e nas baías das calças .Quando eu fui aprender a
profissão de alfaiate foi porque quando
minha avó me tirou do aprendizado de pedreiro, durante uns três meses eu fiquei
vagabundando, peguei uma guiga (espécie de canoa cortada no meio , muito comum
no rio Jaguaripe, e fui passear sem avisar ao dono, com uma mocinha que passei
a achar que era minha namorada. Jogava bola diuturnamente no meio da rua e
tinha um grupo de meninões que passeávamos , tomávamos banho de rio empinávamos
arraias, fazíamos balões e soltava-os, puxava cobra. Sempre quando ao
entardecer, aproveitando da pequena escuridão
amarrava o cinturão numa linha colocava dentro do mato que sempre
ladeava a rua e puxava quando alguém ía passando. Qualquer um, principalmente pessoas da zona
rural que muito transitava por ali, pulava, gritava olhe a cobra , enquanto eu
e a turma morríamos de tanto rir. Foi
tudo isso que fez minha avó, Cecília, me presentear com um
Mestre durão, como era Miguel Arcanjo de Araújo, a quem devo a
disciplina aprendida. Durante quatro(4) anos trabalhei com o referido
profissional e só apanhei uma vez, a que me referir, no sábado de carnaval. Meu
Mestre Miguel Alfaiate, como era conhecido, casou-se com uma senhora de nome
“MÔNICA” que era natural do lugar chamado ONHA, na época, distrito de Nazaré, e
depois de pouco tempo do enlace, começou a dizer que fora vítima de “Feitiço” e
terminou por se separar da referida senhora, que era conhecida dele desde à
juventude. Em consequência desse desenlace, o Mestre Miguel Alfaiate foi embora
de Nazaré, fechando assim a alfaiataria, e eu, desempregado, passei a fazer
“bico” em duas outras alfaiarias, uma na rua do FUTUCA, à beira do Rio
Jaguaripe e outra na rua Volta do Tanque. A primeira tinha como dono, o Mestre
NILO, a segunda não me lembro o nome do titular Foi naquele ano que ocorreu um
acidente na Igreja Matriz de Nazaré e eu fiquei consternado com a fumaça preta
que saía da parte alta da Igreja .Foi um so consternação e como se tudo
estivesse acabando, foi até às proximidades da matriz onde varias pessoas,
carregavam água da maré e passavam ladas de mão em mão até chegar à Igreja e lá
do alto, outros homens jogavam água, más não se falou de nenhuma morte. Alí,
defronte da Igreja, numa residência que fica na esquina com uma rua que adentra
à praça, onde está o Palácio Municipal, com a Prefeitura e outros Orgãos da Administração
da cidade, sofri um acidente, quando trabalhava na construção de uma cisterna.
Num andaime, com mais ou menos cinco metros de profundidade, eu esperava pelo
retorno do almoço do pedreiro, quando uma pedra grande que antes eu vira na
borda da cisterna, me atingiu de raspão na cabeça e dali sai quase morto para a farmácia, que ficava próxima e até
hoje, tenho o sinal na cabeça, desse acidente. Tenha lembrança dos meus tempos
da juventude, dos carnavais, quando as filarmônicas EUTERPE e ERATO saiam as ruas, juntamente com as batucadas,
FALA QUEM PODE e MAIOR SOU EU, que sempre quando se encontravam, brigavam, quebrando os instrumentos uns dos
outros. Lembro-me que o time de futebol da Capital O Galícia, esteve em Nazaré,
e ganhou a partida. Foi uma tristeza grande, tendo um cantor popular, cujo nome
não lembro cantava estes versos pelo meio da rua e eu aprendi: “O Galícia ainda
volta em Nazaré. E Nazaré ainda tem que jogar. Eu tenho fé em Nossa Senhora que
Nazaré ainda há de ganhar.” Muitos aprenderam e cantavam juntos com o artista
pelas ruas. Era uma paixão o futebol, naquela época. ”Minha irmã Regina
desentendeu-se com minha avó a ponto de ser mandada para a companhia do meu Pai
em Jequié . Papai, fez minha irmã, voltar para continuar na companhia da velha,
que recebia alguma ajuda por parte de meu pai. Eu, trabalhando com Miguel
Alfaiate, colaborava com as despesas de casa, com dinheiro, quase todo, pois,
naquela época na minha idade não tinha autoridade para gastar. Os “bicos” que
eu fazia nas duas alfaiatarias, não eram bastante para continuar colaborando
com as despesas de casa. Minha irmã, procurando ser simpática à minha avó,
teria comentado que se eu não vinha ajudando em casa era porque estaria dando
dinheiro a “Mulheres na rua”. Este
comentário subiu à cabeça da minha vó que passou a acreditar que era
verdade e me proibiu de comer em casa. Como eu tinha crédito numa quitanda de
D. Raimunda na rua dos Mulugús, onde morávamos, no número 69. Pagava a
quitanda, no final da semana más a maioria dos dias eu só comia banana até
consegui dinheiro e pagar a passagem de trem para Jequié, onde meu pai me
recebeu, com ressalvas, pois queria informações corretas do que acontecera, só
vindo entender, posteriormente. Meu pai, Mestre de Pedreiro, que recebia obras
firmadas pelo Engenheiro Dr. Luiz Carlos Braga, que residia à Praça Ruy Barbosa
esquina com a rua Santo Antônio, desejava que eu fosse acompanha-lo na mesma
arte, más lhe informei que era alfaiate
e ele conseguiu uma alfaiataria para que eu desempenhasse minha
profissão. Apresentado ao dono da Alfaiataria A
BONECA, situada à rua Sete de Setembro, defronte das Casas
Pernambucanas, em Jequié, aí comecei a trabalhar e ganhar algum dinheiro. Meu
Pai conseguiu do Engenheiro que lhe dava trabalho, uma casa simples, da rua
Santo Antônio, no 24 (para que me abrigasse já que ele morava em uma sala com
um sanitário, no centro da cidade. Junto à Praça Ruy Barbosa, alugada a um
senhor de profissão TANOEIRO(fabricante de carotes de madeira para conduzir
água). Não havia outro espaço. Comia de pensão, recebia a alimentação em casa.
Não tinha família. Não constituiu outra. Foi um apaixonado pela minha mãe, até
o fim da vida. Lembro de um colega de trabalho de apelido “NEQUINHA”, senhor de
meia idade, e esse cidadão me ouvia imitando os locutores de rádio,
principalmente o ERON DOMINGUEZ, que transmitia um jornal falado na Rádio
Nacional do Rio de Janeiro, e estando ocorrendo um anuncio da necessidade de preencher um lugar de locutor, no Serviço
de Alto Falantes A VOZ DO JEQUIEZINHO,
no bairro do mesmo nome, me incentivou para que eu participasse, fiz o teste e
em meio a trinta e seis concorrentes, fui escolhido e aí, trabalhei seis(6)
meses, sendo que também fui empregado como gerente do MoInho Jequié, de
propriedade da mesma família de dona Edézia, más, precisamente do Sr. MANOELITO
BRITO que era parente diretor do Sr. LEUR BRITO, grande pecuarista da Região e
sogro do ex-prefeito da cidade, Dr. ANTONIO
LOMANTO JUNIOR. Atraído para ser o locutor do serviço de alto falantes
do centro da cidade A VOZ DO SUDOESTE
fundado e mantido até então por ADILSON ALMEIDA
um locutor da linha dos locutores da Rádio Jornal do Brasil do Rio de
Janeiro. que servia de modelo para vários locutores do interior. Jequié possuía
outro serviço de alto falantes, a voz da cidade, CUJO TITULAR-LOCUTOR GERALDO SANTOS, era tido e havido como bom
locutor. Eu e o Geraldo, disputávamos a simpatia da população. ADILSON ALMEIDA,
dono da Voz do Sudoeste, que me atraiu para ser seu substituto prometeu-me que
eu seria locutor da rádio que ele estava instalando em Jequié, a RÁDIO BAHIANA
DE JEQUIÉ , sem necessidade de teste e o ordenado que me oferecia, era o duplo
do que eu ganhava na Voz do Jequiezinho, bairro da cidade. Senti-me duplamente
prestigiado, Comuniquei a Dona Edézia Brito, proprietária da Voz do Jequiezinho
que não me criou nenhum embaraço. Passei a trabalhar no centro da cidade e
sentindo estar perto de alcançar o estrelato como locutor de rádio, cada dia procurava
me aperfeiçoar da postassão da voz e conhecimento dos autores musicais que
divulgava. Passados quatro meses, cada dia conquistando mais amigos, comparece
no Stúdio da Voz do Sudoeste, um senhor branco, gordo, de estatura mediana,
disse que eu era um bom locutor e queria me contratar para ser seu locutor
político , na localidade Jitaúna,
Distrito de Jequié, era o Sr. URBANO DE ALMEIDA NETO. A proposta era irrecusável. Eu percebia
Quatrocentos Cruzeiros, ele me oferecia Seiscentos Cruzeiros e mais toda renda
que o serviço de auto falantes produzisse,
mais cama e mêsa. Me desculpei com
o Sr. ADILSON ALMEIDA, consolei meu Pai que me advertia de que o lugar
éra muito perigoso e segui em frente. O
Serviço de Auto Falantes, a Voz de Jitaúna, estava paralisado há quase quatro
anos e um outro funcionava em nome dos inimigos políticos de Urbano Almeida
Neto. Uma moça, muito bonita, filha do
Sr. Albino Cajaíba (fazendeiro forte naquela Região, era quem usava do
microfone em nome do grupo político e como era pelo que se dizia noiva do então
Secretário da Segurança Pública do Estado, Dr. Laurindo Regis dizia com voz bem
postada que se o Serviço de Alto Falantes de Urbano fosse aberto o Secretário da Segurança Pública mandaria
fechar, i m e d i a t a m e n t e, enquanto descerrava uma porção de mazelas
que dizia ter Urbano cometido na localidade e Região. Autorizado por Urbano,
instalei toda a rede com três projetores
de som espalhados na localidade, inclusive, um na Praça Senhor do Bomfim virado
para à casa do opositor politico. Urbano, na verdade tinha um grande grupo
popular que no dia em que comecei os
trabalhos, reuniu-se em frente à residência dele, onde também estava instalado
o Studio e demonstravam, os populares, estarem ali para dar segurança. Urbano que era mais conhecido com ‘URBANO CEM
CONTOS” porque ganhara Cem Contos de
Reis, na loteria e perdeu no carteado, quinze dias depois ganhara quinhentos
contos de Reis e daí comprara as fazendas próximas à Jitaúna, se instalando ali
com armazém de compra de cacau, abandonando a profissão que antes exercia que
era a de motorista de caminhão. O novo rico passou a ter várias mulheres e
filhos no lugarejo, criando uma série de antipatizante detentores de dinheiro
daí passar a ser odiado por estes, más conseguia manter uma popularidade entre
as classes mais pobres . daí interessou-se pela Política Depois de me entregar às instalações do
Serviço de Auto Falantes Urbano me deu dinheiro para comprar os sucessos musicais
da época, músicas de Ângela Maria, Cauby
Peixoto, Nelson Gonçalves etc. e tudo era bem apreciado pelo público. Uma hora
depois Urbano me entregou um comentário que dizia ter sido lavra do PARTIDO
LIBERTADOR-SECÇÃO DE JEQUIÉ, onde dentre outras coisas, chamava o Secretário da
Segurança de ladrão de jeep do Estado. Tive que repetir o comentário mais de
dez(lO) vezes, a pedido desse ou daquele
simpatizante. Alguns diziam à boca pequena que deveria ocorrer tiros , más, nada aconteceu e depois da transmissão, me desloquei a pés,
até o Bar Estrela, distante do Stúdio, mais de duzentos metros, onde fui tomar
um guaraná e depois retornei para o
Stúdio, onde dormia. Isto serviu de comentários de que eu era corajoso e andava
desarmado, etc. Hoje eu não faria a mesma coisa. Ganhamos a eleição,
e elegemos até o Presidente Juscelino Kubscheki de Oliveira. Urbano foi um dos
mais votados Vereadores do Município, situação que repetiu nas eleições
posteriores daí ter sido escolhido como Presidente da Câmara de Vereadores de
Jequié e, tendo o Prefeito Ademar Vieira, falecido, URBANO DE ALMEIDA NETO,
assumiu à Prefeitura de Jequié, onde deixou marcas de sua atuação,
principalmente na Área Social do Município. Fui incentivado por muitos amigos
de que deveria tentar à sorte, no Rio de Janeiro, porque eu era muito bom locutor e lá ganharia bem etc. já que
ali, num pequeno Distrito não poderia progredir na minha profissão. Tanto me
disseram isso que acreditei e passei a fazer planos para conhecer o Rio de
Janeiro. Meu vizinho em Jequié, ORLANDO NASCIMENTO DA SILVA endossou a idéia e me deu coragem, dizendo que
me acompanharia na missão e que se tudo desse errado, na condição de pedreiros também, arranjaríamos trabalho. (eu
tive um aprendizado da profissão de pedreiro, trabalho que executava, antes
mesmo de ser alfaiate)Preparada a documentação. O dinheiro era pouco, mas Orlando
me garantiu que se chegassemos a Governador Valadares, encontraríamos JURACY,
um consertador de radiador de carros, amigo nosso que sempre quando estava em
Jequié era em nossas casas que ele
ficava. Juraci já estava la estabelecido e nos arranjaria qualquer trabalho. Inicialmente pegamos um caminhão que passava
com destino a Vitória da Conquista e depois de pagarmos as passagens, subimos
na carroceria e chegamos lá. Alí, Orlando procurou, um cozinheiro dum hotel
famoso, na época, e conseguiu com ele,
algum dinheiro. O cozinheiro era um homossexual da intimidade do meu amigo,
quando estava em Jequié. Partimos para Governador Valadares e admiramos o
tamanho e a beleza da cidade, à beira do Rio Doce, um milagre da natureza!
Nossas malas eram de tábulas finas, forradas de papel, com ligeiros desenhos de
tinta a pincel, coisa de pobre daquela época. Pedimos e deixamos as nossas
malas em um barraca de vender comidas, à beira da Estrada-Rio Bahia ( e eram
muitas). Assim procedendo, fomos a pés para o centro da cidade, a fim de
encontrarmos a JURACY e quando isso aconteceu, notamos que ele criava dificuldades
para atender os nossos rogos. Quando falamos em tirar as malas das barracas e
levar para a casa dele. Respondeu que a mulher havia tido criança e que ele não
achava uma boa, etc, etc, Dinheiro nenhum ele pôde nos arranjar, pois falava
que estava em dificuldades. Retornamos à barraca de comidas e recebemos nossas
malas de volta e como já escurecesse, nos valemos de um banco de jardim, numa
praça, no centro da cidade, onde
sentados e com pouquíssimo dinheiro descansávamos, quando fomos saudados
pelo CAPITÃO PEDRO, delegado de Polícia da cidade que depois de perguntar quem
éramos e para onde íamos, nos expulsou da praça e mandou-nos ír para a Estação
de Trem, já que estávamos de viagem. em transito, mas que ali não podia ficar.
Depois soubemos que era um policial duro, que inclusive espancava muito. Na
estação de trens de Governador Valadares, cochilamos nos bancos de cimento e
pela manhã, saímos, retornando à Rio Bahia, proximidades das barracas de
comida, onde fazendo propaganda de um relógio do meu amigo Orlando, jogava o
relógio no chão, dizendo que era a prova de choque e prova de agua, tudo isso,
porque ví um grupo de homens que estavam vindo de ´algumas minas de pedras
preciosas, pelo que soubemos (garimpeiros) e terminei conseguindo vender o
relógio a um deles, saindo dali em seguida, sem olhar para traz, já que o
relógio não valia nada. Na beira da estrada paramos um caminhão que corria no
sentido Rio de Janeiro e depois de acertar o preço das passagens até o Rio, pedimos menos, pagamos adiantado e
subimos na carga de ferros para moinho de milho, totalmente desconfortável .
Más, chegamos a Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, onde fomos informados pelo
motorista que já que íamos para o Rio, que pegássemos ali o trem que nos
deixaria, dentro da cidade. De fato, saltamos na avenida Getúlio Vargas, saindo
da Central do Brasil. Um mundo novo se abria à nossa frente ! Uma curiosidade é
que ao passar na catraca, um cidadão nos cobrava a passagem e nós que nada tínhamos pago,
também não demonstramos interesse em pagar, pois não sabíamos antes como era
que pagava. De malas nas mãos fomos por várias vezes, convidados a deixar as
malas num buteco, coisa que aqui na Bahia, sabíamos ser pequeno boxe de palha
com bebidas, daí não aceitamos nenhuma proposta, depois só estávamos de Vinte
Reais e não tínhamos condições de pagar hospedagem. Continuamos andando até que
passamos em frente ao l5 Distrito da Polícia Civil, próximo à Praça da Bandeira
e resolvemos pedir ajuda. O Delegado de plantão quando solicitado por mim de
conceder um lugar, um canto onde passaríamos à noite, isto depois de ser
informado de que estávamos chegando da Bahia à procura de trabalho, e que só
tínhamos Vinte Cruzeiros, daí não termos
condições de pagar uma hospedagem, nos disse que alí não podia autorizar.
Contamos mais uma porção de motivos de nossa estada alí e por último entreguei eu
e meu amigo, os nossos documentos
alegando que iria deitar no passeio defronte, más. Tínhamos receio de ter os
documentos furtados, etc, etc., daí o Delegado, um nordestino, nos autorizou
entrar e deixar as malas e só retornar depois das vinte e três horas quando
acabava o seu plantão. Felizes com a determinação da autoridade, saímos, sem
destino, e minutos depois estávamos
próximo ao aeroporto, de onde saíam vários aviões e à nossa frente, a Bahia de
Guanabara, um espetáculo à parte. Passados alguns minutos, começou a escurecer
e as luzes se acenderam e com a movimentação dos automóveis que passavam em
vários sentidos e com a beleza do lugar, pedi ao meu amigo que me beliscasse
para que eu tivesse certeza que não estava sonhando. O que êle atendeu e tive a
certeza que presenciava a mais bela paisagem da minha vida. Na verdade, o Rio
de Janeiro é muito lindo! Continuamos andando, sem destino, acreditando
encontrar alguma pessoa com a qual, em conversa,pudesse descobrir um local de
emprego, nossa maior necessidade naquele momento. Andamos tanto e sem relógio
que, quando consultamos um Guarda-noturno, este informou que estávamos perto de Copacabana e que já passava de duas
horas da madrugada. Contamos a ele que tínhamos deixado nossas malas no 15
Distrito da Polícia Civil, na rua Barão de Iguatemi e que queríamos uma
orientação de como chegar no referido Distrito. O guarda nos orientou continuar
andando em sentido contrario de onde viemos e que na próxima quadra, tomasse
novas informações a outros guardas e só assim conseguiríamos chegar ao local .
E chegamos, nos apresentamos ao novo Delegado de Plantão contamos que havíamos
deixado nossas malas ali e ele nos autorizou sentar nas malas e dormir porque
não havia espaço nem nas celas onde se achavam os presos. Pela manhã, por volta
das cinco e meia, fomos acordados pelo carcereiro que batia palmas de tal
maneira que parecia uma bomba em nossos ouvidos. Ainda com os vinte cruzeiros
no bolso, saímos do Distrito e na Praça
da Bandeira onde havia um grande restaurante do Governo, que vendia comida com
preços baixos, conseguimos, gratuitamente, por duas vezes, em dias diferentes,
a ficha para o almoço. Quando não conseguimos mais, tivemos que comprar pão e
café num dos bares das esquinas da referida Praça. Uma curiosidade: certa noite em um desses bares eu e meu
companheiro de viagem ORLANDO NASCIMENTO DA SILVA, tomávamos café com pão, em
uma mesa. A Polícia chegou e corrigiu
todos que ali estavam, menos, a mim e o Orlando. Assim que os soldados sairam, os demais ficaram nos
admirando, na certa acreditando que fossemos alguém importante, más é que os
policiais já nos conheciam e as vezes, nos davam alguma moeda para o café.
Sempre uma moeda, cunhada em metal branco e de Dois Cruzeiros. GETÚLIO VARGAS,
MORREU, meses antes e os empregos estavam muito difícil. Os jornais só
anunciavam, emprego para menores . O carioca tinha por costume ler o jornal e
deixa-lo sobre o banco do jardim depois de lido. Era quando podíamos pegar o jornal prá ler e saber de
alguma notícia de emprego. Certo dia lí;
Precisa-se de um ajudante de cozinha. Tratar na rua do Rosário, no 24.
Para lá corremos. Para quem estava com fome, trabalhar numa cozinha, seria a felicidade.
Ocorre que ao chegarmos no local, o emprego já havia sido preenchido. O jornal
saía por volta de uma ou duas horas da madrugada e nós só tivemos conhecimento
da notícia às seis(6) da manhã . A penúria continuava, passados uns cinco dias,
um policial nos informou da existência do SERVIÇO DE MIGRAÇÃO SOCIAL, onde
poderíamos ser orientados para algum trabalho ou um albergue, enquanto achasse
trabalho. E pra lá nos dirigimos. Era na Esplanada do Castelo, uma Praça enorme
com muito movimento e no edficio onde funcionava a Rádio Maua, ao que me
informaram. Na parte térrea, estava a Repartição, junto a uma agencia dos
correios e outras repartições, umas cinco(5), filas para todos os lados. Fomos
fichados e era uma sexta-feira, nos mandaram retornar na terça-feira e quando
retornamos, um funcionário que nos atendeu disse que oito(8)dias depois, nós
viajaríamos de trem para Salvador, já que a via marítima não estava atendendo.
Eu então, sentei no chão e disse: Terça-feira o senhor me embalance aqui e se eu
estiver vivo, viajarei. O funcionário então me disse que eu poderia ir para o
Albergue e lá permanecer até o dia da viagem. Enquanto me apresentou a uma
senhora que determinou que se escrevesse um ofício ao Diretor do ALBERGUE DA
BOA VONTADE, para que ali fossemos albergados: E o ofício dizia; D. Maria de
Lourdes: Fineza albergar os senhores Romilton Teles Santos e Orlando Nascimento
da Silva que deverão viajar terça feira para Salvador. Cumprimentos, assinatura
etc. e nos entregou. Era mais ou menos onze horas e como estávamos com muita
fome, depressa fomos até o l5 Distrito da Polícia, pedimos nossas malas de
volta, conseguimos alguns trocados com os policiais que inclusive nos
orientaram a pegar o Bonde l5, na Praça l5, que nos levaria até o Albergue. E lá
pegamos o bonde e chegamos na Praça da
Harmonia, exatamente na porta do Albergue da Bôa Vontade, onde estava
escrito construído pelo Presidente
Getúlio Vargas para o trabalhador brasileiro. Já passava de meio dia, a barriga
reclamava assistência, e através de uma cancela de madeira, comum, chamamos
um Guarda que distante, no pátio estava,
e ele nos atendeu. O portão estava fechado e depressa entregamos a
correspondência ao mesmo, que recebeu com muito
calma, leu e nos informou que o portão só era aberto as cinco horas da
tarde. Perguntamos se teríamos condições de nos alimentarmos, pois estávamos
com muita fome e êle nos disse, que alí
não saía almoço e sim a janta, a dormida e o café da manhã. Tivemos de
fazer das tripas, coração e esperarmos até o horário e depois de sermos
recebidos pelo Sr. Diretor e outras 65 pessoas que vieram de São Paulo, pelo
que se dizia, fomos submetidos a exames médicos, principalmente de doença
venérea, e só por volta de mais de vinte e duas horas, fomos liberados para tomar
o banho, vestir um pijama(da casa) e jantar. Antes de tudo o Diretor reuniu a
todos no salão principal do prédio e na preleção deixou claro que ali não se
aceitava mulhequeira e qualquer ato, não condizente com o ambiente, o individuo
seria colocado prá fora a qualquer hora. E mandou-nos subir ao primeiro andar,
onde eram instalados os dormitórios e banheiros. Meu amigo Orlando ao subir a
escada, de mentirinha, tropeçou, caiu enrolando-se nos degraus e caiu junto ao
Diretor que estava de pé. Descaradamente meu amigo virou-se para o Diretor e
disse. ôi Doutor, meu bundo, enquanto colocava a mão sobre a nádega direita. O
Diretor olhou atravessado pra ele, más
nada disse. Todos éramos liberados para encontrar trabalho, todos os dias. Eu e
meu amigo Orlando, apenas esperávamos o dia do retorno à Bahia. Devo lembrar
que chegamos ao Rio da Janeiro, no dia treze(l3) de dezembro dia de Santa luzia
e devemos ter passados uns cinco(5) dias dormindo no Distrito Policial. Uma
curiosidade: Só nos deixavam entrar, depois de meia noite, daí ficarmos nos
bancos de jardins, esperando a hora de descansar. Por algumas vezes, fomos
acordados quando nos bancos dos jardins e eramos acordados por soldados
PE(Polícia do Exército) que perguntavam
se estávamos bem e ao receber resposta positiva, gritavam: Documentos!!!)
depressa tirávamos dos bolsos nossos documento e depois de conferidos nos
devolviam e aconselhavam que tivéssemos cuidado com ladrões que poderiam
rouba-los. Onde vocês estão? Informávamos o endereço. L5 Distrito da Polícia
Civil, más só podemos entrar depois das vinte e quatro horas. Más nossa vida
depois do albergue ficou melhor, porque tínhamos a janta e o café da manhã.
Depois do café da manhã íamos para as ruas, procurar trabalho, alguns. A queixa era, geral: Ninguém
estava achando nada para fazer. Com a morte de Getúlio Vargas, o Rio de Janeiro
estava parando. Numa de nossas andanças por lugares movimentados. Pedíamos
ajuda e contávamos o nossso sofrimento por não achar trabalho mas, era difícil
quem colaborasse e se o faziam era de pequenas moedas. Um dia pedindo ajuda a
um cidadão que disse ser do Nordeste,
Pernambuco, precisamente este depois de saber que nosso sonho era viver no Rio
de Janeira e ver suas belezas, conhecer Copacabana, viver uma nova vida que não
tínhamos aqui no Nordeste, aquele cidadão nos deu uma nota de Dez Mil Reis e
nos disse: aqui é para vocês conhecerem Copacabana, amanhã, domingo é muito
bom, a praia está cheia. Vocês cheguem no Tabuleiro da Baiana e peguem o bonde
numero cinco ou catorze, ambos vão prá lá. Ao chegar no túnel velho outra
passagem lhes cobrarão e vocês chegarão à Copacabana.. Agradecemos muito e
retornamos ao albergue. No outro dia logo cedo, assim que acabamos o café
rumamos para o Tabuleiro da Baiana, um ponto de bonde, debaixo de uma laje, um
pouco baixa e assim que o bonde catorze surgiu, nós entramos nele. No Túnel
Velho, pagamos outra passagem e quando perguntamos a outro passageiro se
Copacabana estava longe , fomos informados de que Copacabana já havia ficado prá
traz e que há estávamos perto do Leblon. No próximo ponto saltamos e começamos
a retornar, o fazendo pela beira da praia, estávamos em Ipanema e depois de uma
boa pernada, em nossa frente uma placa dizia: Forte Copacabana-entrada proibida.
Tomamos informação e nos ensinaram a retornar e entrar na Av. Francisco
Otaviano e assim procedemos, desembocando, dentro da praia, uma beleza de
lugar,. Andamos ate o Posto Seis, onde
sentamos na areia; no céu um pequeno avião jogava uns panfletos com uma
propaganda contra o Comunismo, coisa que naquele momento não nos interessava. A
Práia estava quase deserta e algumas senhoras
de mais de meia idade, passavam, com seus maiôs um pouco antigo, o que
me provocou perguntar ao companheiro: Cadê às mulheres bonitas que dizem que aqui tem? Nada ouvi de
resposta. O mar estava bonito e bem adiante um grupo de jovens tomava banho,
pulando ondas, me meti a fazê-lo, e foi um desastre. Acabei de quebrar o ecle que estava defeituoso, dei um nó nos terminais
do calção e amarrei uma ponta na outra, caindo na água. Dois minutos depois, me
afastando um pouco fui empurrado por uma onda que me jogou na praia. Tonto e
fraco como estava, devido a alimentação pequena que usava naqueles dias dormi
na areia e. acordando a praia já estava cheíssima e uma mulher muito bonita,
vestida num maiô azul celeste, portando um óculos de sol, escuro, demonstrava
toda sua beleza e fiquei surpreso com o que via e olhava para o meu amigo que
estava próximo e dávamos rizadas, até que a mulher, a diva me perguntou:” Quem
é o senhor? Ao que lhe respondi que era um pau de arara transformado em
carioca(repente que me veio à mente). Preocupei-me e procurei sair dali,
juntamente com o amigo e fomos até o ponto do bonde e retornamos ao Tabuleiro
da Baiana, depois chegamos no Albergue, cheio de satisfação de ter conseguido
ver um bom pedaço do Rio de Janeiro. No outro dia segunda feita estávamos na
Praça da República, sentados a um dos bancos, assistindo os animais que ali
vivem, nos chegou um rapazinho, típico carioca de cor parda que perguntou se
queríamos ganhar uma grana, para ajudar
fazer uma propaganda: Vinte Mil Reis por hora. A função seria um bater
um surdo(um tambor grande) e carregar um cartaz que tinha à seguinte inscrição:
Boneca de todos os tipos Bonecas em geral- Av. Getúlio Vargas 1069 (pelo que me lembro). Era um grupo
capitaneado por um investigador de Polícia ao que me disse o rapaz. O
investigador vestido de mulher e com um boneco no colo embalançando e um
Italiano cantando um lá lá lá, lá lá lá lá Lá lá, lá lá lá lá lá, la lá lá lá
lá lá, Lá lá. Meu amigo Orlando batia o Surdo e eu carregava o Cartaz. De quando em quando o investigador
me chamava a atenção para que o cartáz não pegasse nos letreiros luminosos das
lojas que ficam perto do porto. Acabado o trabalho recebemos o prometido e cada
um de nós, já na véspera da viagem de volta à Bahia, nos preocupamos em gastar
àquele dinheiro com mantimentos para a viagem . Compramos Farinha e jabá. Ouvi
comentário de que a farinha era de osso, mas o que interessava era ter
alimentos para a viagem. E Fomos para o Albergue. No outro dia fomos informados
através de um preposto judicial que nos
confirmava a viagem e mandou que o seguissemos e só dentro do vagão do trem seriam dadas as
passagens, para evitar que as mesmas fossem negociadas. Chegamos à Estação e
dentro do vagão nos foram entregues às passagens e um ofício foi entregue a um
do grupo para que somente em Monte-Azul, entregássemos ao Chefe da Estação que
trocaria nossas passagens por outras estaduais. Dando uma de brincadeira,
mandei o amigo sentar-se em outro banco e disse: Aqui só vai viajar comigo, uma
mulher bonita. Não demorou muito e uma mulher branca, bonita, trajando um vestido
azul, chegou à janela da classe e perguntou: Esta cadeira está vaga? Ao que
respondi que sim. Tendo ela dito que era para
o marido dela que ia até Belo Horizonte. Fiquei sem chão e segundos
depois chegava um cidadão, branco, carregado de gaiolas com pássaros e me pediu
ajuda. Viajamos e em Belo Horizonte êle me pediu para ajuda-lo a levar às
gaiolas de ônibus elétrico até o bairro
Pampulha o que fiz tranquilamente, oportunidade em que lhe contei do meu
desacerto no Rio de Janeiro, ele então
me deu Dez Mil Reis e me ensinou onde eu poderia comer bem e barato, no
restaurante Popular construído pelo Governador Juscelino, perto da estação
ferroviária, numa rua, defronte, e
depois de pedir informação no
ônibus em que voltei, cheguuei ao restaurante, onde comi e levei dinheiro para
o amigo também comer. De barrigas cheias ficamos esperando o trem partir, pois
demora muito ali. Por volta de quatro e meia da tarde o trem saiu. Assim qu e
começou a escurecer, uma péssima notícia. Uma ponte em JANAÚBA estava quebrada
e o trem não poderia passar. Na estação de Janaúba já escurecido, anunciava-se:
dormida com café da manhã, por Dez Mil Reis, mas, não tínhamos dinheiro e quase a totalidade dos passageiros dormimos
no chão da estação. A notícia era de que por volta das dez horas da manhã,
um outro trem viria de Montes Claros
para nos socorrer, o que efetivamente ocorreu, más, eram vagões que carregavam
gado e tudo estava sujo de estrumes dos animais que recentemente foram
transportados . Más como prá quem está no mato sem cachorro, tudo nos servia
naquela oportunidade. E chegamos a Montes Claros. O mesmo trem nos levou até
Monte Azul onde nossas passagens deveriam ser trocadas. Ali surgiu um serio
problema. A estrada estava quebrada e o trem não podia chegar em, (CACULE) O
Chefe da Estação de Monte Azul , alegou ’não poder trocar as passagens
nossas e que só em Caculé, podia trocar.
Ocorre que ninguém tinha dinheiro para pagar Cento e Vinte Reais, cada um para
ser transportado num caminhão Pau de Arara, transporte esse explorado pelo
Delegado de Policia do lugar, ao que fomos informados. Assumi a liderança de um
movimento para pedir ao Delegado que nos levasse ate Caculé, pois ninguém tinha
dinheiro. O Delegado quis oferecer uma resistência, m[as ameaçamos entrar na
cidade e pedir de porta em porta para
viajarmos, tendo o Delegado mandado que subíssemos em um dos caminhões (dois
faziam a travessia que para chegar em Caculé ,tinha que subir uma serra de nome
TOQUE DA ONÇA. Já passava das cinco horas da tarde, quando saímos de Monte
Azul. Adiante o caminhão atolou e tivemos que descer para empurrar, depois, foi
só escuridão, estrada em aclive, cheia de curvas, de cascalho é bom lembrar e o
sistema elétrico do caminhão começou a falhar, sempre quando voltar a clarear,
já estávamos à beira do precipício. Um verdadeiro terror. Sem condições de reclamar,
disse para o Orlando: vou deitar aqui debaixo do banco para cochilar e não me
assustar tanto. Quando acordei, já estávamos em CACULÉ, na Bahia. Fiquei
sabendo que no alto da referida estrada, existem Cinquenta e três cruzes
menores e uma grande, em homenagem a um caminhão com romeiros que despencou
serra abaixo matando a todos, inclusive o Padre.(homenageado com a cruz maior)
Eram mais ou menos duas horas da madrugada e a fome era muito forte,
oportunidade em que um outro passageiro ouvindo as minhas queixas, me deu um
pão doce, de uns trinta centímetros de comprimento e disse que era da mãe dele
que trouxe de reserva. O pão estava tão
duro que precisei de usar um pouco de água para amolece-lo e comer em seguida.
Comecei a ouvir opiniões a respeito dos trens, um chamado de MOCHILA, sairia
naquele momento, mas, dizia-se que era muito vagaroso e que deixássemos para
pegar o Trem Rápido que saía às sete horas. E assim fizemos. Depois de mais de
meia hora de viagem, no trem rápido, eu vi alguns passageiros saltando do trem
em movimento, indo até uns pés de UMBÚ, fruta de grande fartura na Região e
retornavam ao trem. Daí me animei também e juntamente com o Orlando, assim também
procedemos , e era o trem rápido! Calculem o MUCHILA! Ao saber que a próxima parada era BRUMADO. MEU AMIGO
SE LEMBROU QUE NAQUELE LUGAR, QUE ELE NÃO CONHECIA, POSSUÍA UM AVÔ e sugeriu
que saltássemos na referida localidade
para procura-lo e nos tirar daquela situação. Aceitei, pois nossas passagens
era até Salvador, más lá nada conhecíamos e passaríamos por certo pela mesma
situação que passamos no Rio de Janeiro. Além do mais, Brumado estava mais
perto de Jequié. Saltamos do trem e tomando informações, nos levaram até à casa
do referido avô, que nos recebeu com simplicidade, nos ofereceu café,
oportunidade em que prometeu nos levar à casa de uma tia do Orlando. Daí, abrir
minha mala e tirei uma camisa limpa para
vestir. Oportunidade em que mostrei um terno branco que tinha. .Apresentados a
uma senhora e suas filhas, uns cem metros mais distantes, fomos muito bem
recebidos, comemos, fomos tomar banho no riacho que passava nos fundos da casa,
enquanto comentávamos estar no céu, barriga cheia e tomando banho de riacho.
Enquanto lhe respondí, E mais vinte e cinco léguas pela frente. Seria à
distância até Jequié. Dormimos na casa da tia e pela manhã voltamos à casa do
avô e lá, tentamos conseguir com êle, dinheiro para as nossas passagens até Jequié.
O velho sempre dizia: repetidamente agente se vale do que tem. Depois de ouvir
tal mensagem pela terceira vez, mostrei novamente meu terno ao referido senhor
e lhe propus vender, o que ele aceitou
comprar, por Cento e oitenta mil reis.
Um caminhão carregado de tambores de gasolina, vazios, saía do lugar, horas
depois, e conseguimos convencer ao
motorista nos transportar até Vitoria da Conquista, com aquela quantia, tendo o
motorista aceito e mandado que subíssemos sobre os tambores. Em meio a estrada
havia necessidade de botar mais água no carro e nós fazíamos este trabalho de
apanhar água num riacho próximo para botar no radiador do caminhão. Um pneu
furou mais adiante e nós ajudamos a fazer a força, trocar o pneu. Até que
chegamos ao destino combinado. O motorista sabendo que o nosso destino final
era Jequié, nos prometeu, gratuitamente levar até lá, já que tínhamos ajudado
bastante. Na estrada, mais adiante, resolveu parar em frente a um restaurante,
na beira da estrada e pediu: solta ái três p éfis ! Eu não conhecia a
expressão, em seguida o garçon trouce três pratos de comida. Enchemos a barriga
e depois seguimos, até Jequié e o motorista que se disse chamar AMARO, seguiu
sua viagem. Meu amigo Orlando Nascimento da Silva ficou de viajar e aventurar São Paulo, más eu retornei a JITAÚNA, onde
fui bem recebido, trabalhei mais seis(6) meses no mesmo serviço de alto
falantes, já com planos de vir a conhecer ILHEUS, enquanto sonhava com nova
aventura, continuei merecendo a confiança do URBANO, vereador, comprador de
cacau e fazendeiro. Ele viajava sempre para Feira de Santana onde se dizia
possuir um Moínho de Milho, nunca me disse nem eu nunca fui lá; Era comum
Urbano me entregar à Chefia da casa, onde morava sua irmã DAGMAR, moça de seus
dezoito anos, o filho JEIR , Outro , FERNANDO, além da noiva, irmã do alfaiate ”JÓ”
que posteriormente casaria com o referido chefe-político. Certo dia, não
estando URBANO, sua irmã Dagmar me solicitou que ligasse a ELETROLA como se
chamava na época o conjunto de som que existia numa sala anexa à principal que era
grande. A festa estava animada quando Jeir me chamou e me mostrou: um cavalo ou
égua, com a cabeça na porta do salão, enquanto
um cavalheiro dizia: ”entra, entra”. Minutos depois, TIDINHO, um
vizinho, gritava: “não entra cabra ou
lhe derrubo” enquanto apontava uma arma de grosso calibre, aparentando um
rifle. O cavalheiro tinha costume de beber e fazer desordens. Ao que se dizia e
éra uma alta patente militar expulsa das fileiras. Com muito trabalho e a presença do Sargento RAIMUNDO,
que era o Subdelegado de Policia que compareceu armado de fuzil, foi que o
cidadão foi embora, caído sobre a cela do seu animal. ‘TIDINHO’, cujo nome era EROTILDES RIBEIRO
GUIMARÃES, era Coletor Estadual, irmão de TEODORO RIBEIRO GUIMARÃES que muito
viveu entre nós aqui em Itabuna. Ouvindo
informações sobre as possibilidades de encontrar trabalho em Ilhéus,
preparei-me para vir conhecer o Sul da Bahia e deixar prá traz a Terra de
Urbano Cem Contos, de Albino Cajaíba (alto fazendeiro, de Pedro Cardoso, Outro
grande fazendeiro, de Miguel Bahiense e tanta gente boa. Um motorista de
URBANO, apelidado de “NETO” pediu-me para trazer uma carta a uns seus parentes
aqui em Itabuna e como endereço, mencionava, Rua do Berilo, devendo pegar o
ônibus da Mangabinha (que naquela época chamávamos de JARDINEIRA. Assim procedI.
Me informaram que eu devia parar na PONTE DE ZINCO, pegar o caminhão
studbaker´verde que fazia a linha-Ponte de Zinco –Uruçuca e adentrasse ali,
onde poderia encontrar emprego, pois na cidade existiam dois serviços de alto
falantes. Assim procedi. Cheguei na cidade de Uruçuca, à noite e me hospedei na
PENSÃO MAIA, tendo o dono, um senhor, branco, magro, me garantido que só havia
uma vaga onde dormia também um cliente
que era gente, dali e dele conhecido. Ao abrir a porta do quarto deparei-me com
AGAMENON, meu conhecido e parceiro de jogar SINUCA, em Jitaúna, no bar Estrela
que era de um Cabo da Polícia. Dai passamos a conversar ao ponto de depois de
muito tempo o dono da pensão ter pedido que parássemos pois outros clientes
queriam dormir. No outro dia AGAMENON me tomou certa quantia emprestada para
aventurar no jogo de SINUCA, e eu sabia que êle era dos bons, más, perdeu
varias partidas e o meu dinheiro. Fiquei com o bastante para pagar dois dias de
hospedagem e comprar a passagem de trem para Itabuna, onde cheguei com DOIS MIL
REIS. Paguei a JARDINEIRA, e pedi que me informassem a rua do Berilo. Saltei do transporte e
comecei a ouvir um locutor falando num serviço de alto falantes, ali instalado
era A VOZ DO BAIRRO e o locutor
conhecido por CALAMBAU. Me aproximei para pedir informação sobre o endereço da
carta de NETO-motorista de Jitaúna, oportunidade em que perguntei se
estavam precisando de locutor ali. Ele
me perguntou se eu sabia falar e depressa me entregou o microfone, onde comecei
a ler algumas textos de propaganda enquanto ele saia em debalada carreira.
Fiquei sozinho no Stúdio, uma simples sala, pequena e junto, nos fundos, um cômodo
com uma “TARIMBA” CAMA FEITA SOBRE DOIS
CAVALETES. Somente depois de meia hora
foi que o rapaz retornou, acompanhado do irmão ’VENTURA’ QUE ERA O PROPRIETÁRIO este me Ofereceu Oitocentos Mil
Reis mensal e levou-me para dormir na
casa dos pais dele numa rua que fica perto dos fundos da Igreja Maria Goretti,
saindo da rua Zildolina e rua Ilheus, subindo uma pequena ladeira. Ali, numa
rêde, dormi o sono dos justos. No outro dia, dezenove de dezembro de l955.
Passei a trabalhar no Serviço de Alto Falantes “A Voz do Bairro” e muitos
queriam me conhecer. Lembro-me de Dona Santa, uma moça já de idade que diziam
ser noiva de MIRO ALFAIATE (com quem andei costurando algumas calças para
ganhar mais algum dinheiro, isto, na mesma rua, nas horas de folga. Gina Mendes e a irmã, filha de D.
Vitória uma pequena fazendeira de cacau, da qual cheguei a ser procurador para
juntamente com a filha Gina, cuidar da fazenda no lugar MEDROSO, hoje,
município de Buerarema. O pai de Gina já estava de idade avançada e aceitava nossas
intervenções, junto a empregado etc. Passei a conhecer ZITO MANGABINHA(João
Dantas Carvalho), filho do proprietário do bairro Mangabinha e que muito me
prestigiou, inclusive ajudando-me a instalar projetores de som em postes de
energia elétrica. Esta pessoa merece um capitulo à parte. Nos tornamos irmãos,
para pescar, no rio Cachoeira, jogar sinuca, jogar pif-paf, foi quem apontou-me
o terreno onde minha casa hoje está construída, terreno cuja posse era do Chefe
da Guarda Municipal- João Morais, a quem
paguei Vinte e Dois Mil Reis e depois comprei a João Mangabinha Filho, o Direito de Propriedade da área. Zito viria
mais tarde me orientar para construir o prédio onde hoje funciona a escola POLEGAR, na rua Dr. Ubaldino
Brandão-Esquina com a rua Ana Nery Edfício “Pé de Hélice”(homenagem a meu pai e
seu nome de jogador de futebol. Foi Zito Mangabinha quem me cedeu uma área com um lage que ele
construiu e sobre ela eu construi , com a ajuda dele, o Clube, LIDER SOCIAL,
isto, depois de fundar com a participação dele e de outros amigos, a SOCIEDADE
AMIGOS DA MANGABINHA que passou a reger o LIDER SOCIAL DA MANGABINHA. Pouco
tempo de trabalho na Voz do Bairro, conheci a NENGA DE DONA CUSTÓDIA\,
MOTORISTA QUE DIIZIA SIMPATIZAR O MEU TRABALHO E FEZ PROPAGANDA A MEU RESPEITO
NO STÚDIO DA Rádio Cultura de Ilhéus, para onde fui convidado a fazer um teste
e em seguida contratado.. Na época os funcionários do quadro ganhavam 450, mil
reis e fui contratado por 1200 reis, más
mesmo assim só fazia uma refeição por dia, já que não dava para cobrir às
despesas, de aluguel, roupa lavada etc. Daí, de quando em quando pedia aumento
ao Sr. Diretor ROBERTO ASSEF, que juntamente com MYRTIS PETITINGA,
ADMINISTRAVAM A EMISSÔRA. Cada aumento que conseguia, era acompanhado de mais
uma função. De Locutor-comercial. Fui
apresentador de auditório no palco do Cine Teatro Ilhéus, programa do
Titio Brandão, passei a ser repórter da Maternidade Santa Izabel, do Hospital
São José, onde fiz boas amizades e repórter da beira do cais, informando a
saída e chegada dos navios e outras embarcações de porte. Eu era locutor
Noticiarista, dava notícias de hora em hora. Fazia o Jornal Falado às sete
horas da manhã. acompanhado de outro colega; Fazia o Programa ‘AS SUAS ORDENS”
que anunciava aniversários, casamentos, diariamente, as duas horas da tarde.
Juntamente com o colega ALFA SANTOS, criamos e apresentávamos um programa
caipira, cujo nome não me lembro e que os personagens eram TIMBIRA E ENGOLE
SAPO( este último era a denominação que o Alfa me deu). Fomos nós através deste
programa caipira quem, com a patrocínio da LOJA GENY, lançamos em Ilhéus e
Região, o BUJÃO DE GAS ENGARRAFADO e ensinávamos ao povo como usar. Fui eu que
anunciei o naufrágio do Navio Nossa Senhora de Lourdes, ocorrido na entrada da
Barra, por volta de sete e meia da noite. Estava nas proximidades da Igreja de
Sao Sebastião (ainda em construção) e para à
qual colaborei juntamente com o Titio Brandão com os nossos programas de
auditório, conseguindo pequenas verbas, ouviu pedidos de socorro vindo do mar.
Acostumado a ver os navios que ancoravam ou saíam de Ilhéus, entendi que
tratava-se do Nossa Senhora de Lourdes (isto, pelo formato da embarcação.
Ocorre que a referida embarcação havia sarpado por volta de dez horas da manhã
daquele dia, carregada de gado com destino a Recife e eu havia divulgado. Por
que teria retornado? Ouvidos os gritos de socorro, saí correndo até à Praça
Cairú, sobre o Posto de Combustível, onde a rádio era instalada e depois de
subir todos os degraus da escada, entrei no Stúdio, afoito, dei sinal para o
operador abri o microfone e comecei a dar à notícia que ficou interrompida
devido o cansaço e emoção. Pouco eu falei, más deu para entender ao povo que
algo estava acontecendo no Porto e muita gente acorreu para a beira do cais e
outras tantos invadiram nossas instalações para saber o que havia acontecido.
Segundos depois eu voltei a dizer a notícia completa e todos ficaram sabendo
que o navio referido estava afundando na
entrada da barra. Todos foram socorridos, mas as cabeças de gado, todas,
morreram e Ilhéus teve que suportar o mau cheiro do gado morto, por uns
noventa dias, Eu caí na simpatia do
Diretor Robert Assef, que me apresentou à Vereadora Conceição Lopes, lhe
dizendo que era um bom autor, só precisava ser lapidado. E passei a ter a
simpatia da referida senhora que estava ensaiando em sua casa, na Avenida
Soares Lopes,uma peça de nome CHUVAS DE VERÃO de Luiz Iglésias e eu foi
convidado a ser um dos participantes. Fiz o papel de um servidor da casa,
coisas do tempo do Império. A peça foi levada ao Cine Teatro Ilhéus e o público
gostou, oportunidade que fui abraçado por muitos que gostaram da minha
performance. Recebi e ainda guardo, um cartão de agradecimento por minha
participação, em nome das Senhoras de
Caridade de Ilhéus que mantinham a Maternidade Santa Izabel. No período em que
ensaiava a Peça, tive um desencontro com a Polícia. Na condição de Reporter fiz
críticas reiteradas vezes contra as ações dos policiais que atendendo nova
orientação se postavam em dupla em vários pontos da cidade, daí o povo passou a
chama-los de Cosme e Damião. Ocorre que os excessos ocorriam e eu os noticiava.
No Bairro do Pontal, policiais obrigaram um menor a ajoelhar sobre caroços de
milho, debaixo de um sol quente, e essa notícia chocou a Sociedade Tradicional
de Ilhéus. Eu não sabia que estava sendo visado por alguns policiais, já que
simpatizava com outros e sempre os cumprimentava com oferecimento de músicas no
Programa “As Suas Ordens.” Certa noite, quando me dirigia de bicicleta para o
ensaio da Peça, atendendo a pedido de Alfa Santos(cujo nome era Almerindo)
parei a bicicleta no meio da rua e enquanto ele me anunciava que haveria uma
festa no bairro Malhado e que estava sendo convidado, uma patrulha Militar,
aproximou-se e só ouvi dizer: “dá licença”
e empurraram –me com bicicleta e tudo, com a alegação de que eu estava
dificultando à passagem deles. Nenhum pedido de desculpa foi aceito e o
Comandante do Grupo, mandou que eu fosse levado à Cadeia que funcionava
defronte do hoje moderno prédio da Justiça Federal em Ilhéus. Alí, fui
apresentado ao carcereiro, outro soldado, sem nenhum alteração. O colega Alfa
Santos que a tudo perplexo assistiu, deu o alarme à Direção da Rádio e como era
êle quem fazia a cobertura radiofônica da Delegacia procurou imediatamente o
Capitão Delegado que mandou ordem ao carcereiro para que me liberasse. A
direção da Rádio através de MIRTES PETITINGA, compareceu depressa, e a casa de
Detenção virou um ambiente festivo, com os presos das grades gritando palavras
contra a Polícia, o Carcereiro demonstrando medo, colocou o fuzil sobre uma
pequena mesa, na sala, dizendo que nada tinha com aquilo, enquanto MIRTIS,
pegou o fuzil, sacudiu prá lá e prá cá e dizia que ía telefonar para o Governador e o Presidente da República e que nenhum dos
soldados continuaria em Ilhéus. A essa altura ouvia-se vivas de grande multidão
que rapidamente formou-se ali. O Carcereiro demonstrava preocupação e repetia
que nada tinha a ver com o caso,
enquanto minutos depois, Alfa Santos
chegava com a ordem do Delegado mandando me liberar. Ainda bem que não fui
trancafiado. Saindo dai todos fomos para a nossa sede, e microfones abertos,
altos falantes colocados do lado de fora da parte superior do prédio, falava-se
ao povo combatendo os atos policiais que acabavam de ocorrer, como tantos
outros. Cada comentário era aplaudido pela multidão que encheu o largo anterior
à Praça Cairú, fechando o tráfego. Mirtis Petitinga fêz um verdadeiro
discurso-aula sobre a soberania da imprensa, o valor da Democracia etc. LUIZ
VIANA, nosso colega de rádio do setor esportivo(fazia páreo com o ex-Governador
Paulo Souto) fez um discurso muito brilhante, sendo bem aplaudido, o Reporter
RUBENS CORREIA, que escrevia num jornal local e era bem considerado na cidade,
fêz várias denuncias. Cada frase dita contra o procedimento policial era motivo
de grande ovação. O Comandante do Segundo Batalhão sediado em Ilhéus e um outro
seu subordinado, estavam acabando de chegar de Itabuna, onde teria ido apurar,
também uma infração policial, e, não pôde penetrar no local porque a multidão
não arredava o pé, sendo preciso que o Diretor da Rádio Robert Assef fosse até
o encontro deles e conseguisse fazer com
que passassem a pés no meio da multidão sendo conduzido até os stúdios da
rádio, onde prometeu apurar a ocorrência, ao tempo que elogiou a rádio e o
serviço que prestava à Sociedade. Com isso , a multidão acalmou-se, e a pedido
da Direção da Rádio, dispersou-se. Se alguma sindicância foi aberta eu não
soube até hoje, nem procurei cobrar nenhum providência. Eram ossos do ofício,
como acostumávamos dizer. Dias depois eu soube que o Sargento que comandava o
Pelotão era namorado de uma atendente do Hospital São José onde eu era bem
recebido, com cafezinhos e biscoitos e retribuía com notas de aniversário no
Programa radiofônico. Rádios e jornais da época noticiaram o fato. Depois de
receber vários aumentos, resolvi que iria para Brasília, onde o saudoso
Presidente Juscelino estava recebendo bem os artistas que lá compareciam.
Coloquei uma placa na minha bicicleta, anunciando: ILHÉUS –BRASÍLIA EM DEZOITO
DIAS e rodava pelo centro da cidade, enquanto muitos curiosos queriam saber do
trajeto e o que eu pretendia. Na verdade eu tinha espírito aventureiro e depois
de acertar contas, me despedi da turma que eu me lembro; ADOCIVAL ARAÚJO,ODRAUDE SILVA, ALFA SANTOS,
ANTONIO BRANDÃO DE JESÚS o Titio Brandão” cujo cargo principal na rádio era o
de corretor de publicidade e fazia um programa infantil onde eu servia de
locutor apresentador. Lembro ainda de uma irmã de ODRAUDE que era cantora, de
NORMA DE ASSIM, cunhada do Brandão e outros que não lembrei que me perdoem. GUTEMBERG(discotecário)
NILCE, OPERADORA DE SOM E COM QUEM CONTRACENEI, em várias novelas que faziamos
ir ao ar. Mirthis que era o Diretor de Brodcast e do Robert Assef,
Diretor-Geral. E lá fui de bicicleta para Brasília. Os primeiros 3o kilômetros-
eu já conhecia bem, pois assisti fazer-se à pavimentação e eu passava de bicicleta
todas as quintas feiras, meus dias de folga e vinha para Itabuna, onde fazia
serestas com o grupo que me simpatizava. Cheguei a Itabuna e aqui já estava o
Antônio Brandão de Jesús, que me convenceu que eu devia ficar aqui, pois só
faria três horas de locução e teria tempo para ganhar outro dinheiro .Apresentado
a Lourival de Jesus Ferreira, responsável pela Direção, fui levado ao Sr. Otoni
José da Silva um dos proprietários e tudo ficou acertado, só dependendo da vaga
que seria deixada por Jorge Nême, por sinal um bom locutor. L8 de abril era a
data que comecei a usar os microfones da RÁDIO CLUBE DE ITABUNA. Eu que fui
batizado na RADIO CULTURA DE ILHEUS zyw-7, AGORA ESTAVA PREPARADO PARA DIZER O
QUE APRENDI E PARECE QUE SOUBE DESENPENHAR O PAPEL. Além de locutor comercial,
me juntei com o colega EURIPEDES LOPES DA SILVA e formei uma dupla caipira com
o título de MARTELO E MARTELIN, PROGRAMA arraiá da burundanga, que depressa
ganhou o público de toda Região. Títio
Brandão tinha interesse em criar, em Itabuna, o Programa que fazia em Ilhéus e
conseguiu. Eu era o locutor apresentador e ele só apresentava às crianças. Foi
Titio Brandão o responsável pelo crescimento dos programas de rádio daqui,
conseguindo trazer para Itabuna, artistas importantes da época, como a bonita
ADELAIDE CHIOZO, ANGELA MARIA, CAUBY
PEIXOTO, NELSON GONÇALVES duas vezes, os artistas que estivessem em cartaz eram
atraídos por Itabuna que os prestigiava. Eu era o apresentador de todos que
vinham de fora e dos cantores e cantoras locais, lembrando-me da NEIDE PRADO,
NORMA DE ASSIS, GLORINHA DE OLIVEIRA, RITA CEZIMBRO, NEIDE CEZIMBRA,, ELIZABETE
SANTOS, VALDELICE SANTOS. Que era desprovida da visão, Lourdes Rodrigues AUREA
MOTA (irmã de Mário Mota-técnico de transmissão ) LÍDIA DE OLIVEIRA, os
cantores JOSE MOREIRA, MANOEL DIAS,GEZ AGUIAR, JOSÉ QUIRINO(grande imitador de
Nelson Gonçalves) etc, dos músicos, JOEL CARLOS, chefe do Regional, MIMIDE,
JOÃO CARNE DURA, MANOEL TROMBONE e outros, um baixista um bongozeiro etc. Locutores destaco o
próprio Lourival de Jesús Ferreira de voz muito bonita, José Timóte, voz grave,
bem postada; Alfa Santos que veio também de Ilhéus, Celso Gomes Rocha, idem,
comentarista dos bons ,Eurípedes Lopes da Silva. Operadores de som, lembro de
EDINHO,DO BAIRRO CONCEIÇÃO assim
conhecido, Gês Aguiar e outros. Devo mencionar que o grupo que acompanhava
Lourival na rádio, veio do Serviço de Alto Falantes S R P C QUE QUERIA DIZER:
Serviço Regional de Propaganda Comercial que teve o Lourival à frente e muitos
anos serviam a Itabuna, juntamente com A
Voz da Cidade outro serviço de Auto Falantes. A, S R P C possuía um
amplificador CINETON de l2O watts e era uma excelente musicalidade antes da
estação de rádio. Em tudo me colocavam à frente para apresentar. Minha voz,
graças a Deus, diziam, bem postada, agradava a gregos e troianos. Eu era o
apresentador de programa de auditório, era apresentador do Carnaval, sobre um
palco de madeira armado todos os anos na Praça Adami. Lembro-me dos Cordões
Garotos do Samba, do Corsários em Folia, Bebê de Proveta(bloco), do grande
cordão da Mangabinha que tinha sede na baixa da Burundanga e era dirigido por
VALDECI DO PANDEIRO, figura popular daqui. Casado e Responsável, sempre
contando com a presença de NILTON JEGA PRETA, ORLANDO LEMOS e tantos
carnavalescos, dos afouxés, e Cordões de Caboclos de vários foliões que se
destacavam como ÁLVARO BARBEIRO, torcedor do Fluminense, ZEZITO DO ACARY e os
componentes de um grupo composto por
violões NAMORADOS DO RÍTIMO, que fez muito sucesso, nas ruas e nas rádios;
folião Mamão do bairro Conceição, o rádio Telegrafista MONCORVO etc. Itabuna
era a MECA da alegria desta Região. Um nome que não pode ser esquecido é o de
JOSÉ DOS REIS, maravilhoso violonista que cresceu muito por aqui, chegando a
adquirir o Serviço de Alto Falantes A VOZ DA CIDADE, que antes pertencia a
ALOÍSO CALDAS. Eu era convidado para apresentar cantores em várias cidades da
Região, fui convidado e compareci em várias reuniões políticas de emancipação
de Camcan, quando havia necessidade de apresentar nomes importantes da política
dali. E conseguimos a independência. Vários foram os cantores que vinham para
Itabuna, depois precisavam se apresentar em Itajuípe Uruçuca, Ibicaraí e eu era
convidado a fazer a apresentação. . Depois de três anos e também do afastamento
de Lourival Ferreira da Rádio Clube de Itabuna, não consegui melhorar o
salário acordei com a Direção da Rádio,
minha dispensa, sem nenhuma exigência. Fiquei, então parado. Comprei o Serviço
de Alto Falantes A Voz do Bairro e mudei
o nome para a VOZ DA MANGABINHA, cuja pequena renda não dava para supri minhas
despesas anunciei que ia embora. Fui convidado por PAULO NUNES FILHO, a esperar
a abertura da Rádio Difuzora Sul da Bahia, para fazer parte do Cast da referida
emissora também tendo à frente Lourival de Jesus Ferreira, que além de cuidar
da parte técnica, era um grande locutor de voz bem postada e comentarista de
primeira. Lourival Ferreira conseguiu trazer para a Rádio Difusôra, quase todos
que atuavam na Rádio Clube de Itabuna e, no dia vinte e um de abril de l96O foi
a emissora inaugurada com muita pompa, vindo convidados de Salvador,
principalmente da Rádio Sociedade da Bahia. Um pequeno incidente é que um
locutor famoso da Rádio Sociedade da Bahia, quis, fazer a abertura dos
trabalhos, como animador, mas, Lourival Ferreira impôs que tinha que ser a
“prata da casa” e fez com que eu abrisse a apresentação de inauguração .Na
Rádio Difusôra eu repeti o que fazia na Rádio Clube, acrescido dos programas,
CAFÉ DA MANHÃ, ÀS NOVE HORAS e ESTE MUNDO É UMA BOLA, criado pelo Lourival. Eu
fazia o JORNAL FALADO pelo noite e pela
manhã, além de acompanhar tanto Lourival, como Hercílio Nunes, nas transmissões
externas. Era pau para toda obra e fazia por gostar de fazer. Nos jornais
falados me fazia acompanhar de JOSÉ
TIMOTEO, grande locutor, Hercílio nunes e o próprio Lourival. Tinhamos o
compromisso de bem informar e o fazíamos com amor. Uma das mais lindas
ocorrências em Itabuna da qual fiz parte, foi a chegada da MISS BRASIL l962,Foi
a itabunense MARIA OLÍVIA CAVALCANTI . Sobre um veículo KOMBI eu e Hércílio
Nunes, dizíamos da alegria do povo nas ruas , pelo acontecimento. Muitos
choravam, outros batiam palmas, gritavam, até chegar à Praça Adami, onde as
homenagens se encerraram, com a praça lieralmente tomada. Inesquecível. Naquele
mesmo ano, me dezentendí com a direção da Rádio ,quando tratamos de aumento
salarial e disso eu nunca abrir mão e
disse ao Sr. Paulo Nunes Filho que deixaria a Rádio, como deixei. Eu quando
comecei na Rádio Difusora, exigi um salário de Dez Mil Cruzeiros, enquanto
outros, ficaram em cinco e em seis .
Demoraram de confirmar o meu
pedido, mas, depois de quinze dias deram sinal verde e eu continuei. Naquele
mesmo dia procurei o velho Paulo Nunes, que ainda não era Deputado e lhe
solicitei um empréstimo de Cinquenta Mil Cruzeiros para levantar as paredes da
minha casa que fica na rua São José l5l, na Mangabinha. Depois de olhar para
mim, como se quisesse não acreditar no que estava ouvindo, pois muitos
receiavam fazer tal pedido, mandou-me ir ao Banco de Crédito Popular da Bahia, cuja
agencia ficava na Avenida Cinquentenário
próximo à Loja A INVENCÍVEL, e ali, o gerente me atendeu, preenchendo às Notas
Promissórias e eu as trouxe, para o Paulo Nunes assinar, retornando ao Banco e
abri conta. Morava de aluguel, o segundo, rua Santa Rita 66, Mangabinha. Antes
morava na rua do Berilo, casa de propriedade de VITORINHA, figura muito
conhecida na cidade, pois explorava um bordel no trecho conhecido como SPORT-
BAR, zona do meretrício, entre a hoje Cinquentenário e a Ruy Barbosa. Construí
minha casa e sem piso e sem rebo,co, passei a residir. Comprei na época uma “ CAUSÃO para que pudesse ligar a energia
elétrica, na época explorada pela Prefeitura, que cobrava Quatro Mil Cruzeiros.
Fiz um tanque para aparar água do telhado e passei a morar no que era meu. Meu
filho mais velho engatinhava sobre o piso de pedras ainda por colocar o
cimento. Era o José Marcionílio. Também era forte, nasceu com mais de seis(6)
quilos. MEU CASAMENTO. Ainda quando trabalhava na Rádio Clube de Itabuna, uma
moça me chamou a atenção, pela beleza e simplicidade. Ela ficava na porta de
entrada do prédio, juntamente com uma amiga de nome Ana que morava no
Pontalzinho. Tinha que pedir licença todas as vezes que pretendia entrar no
prédio. Com a continuidade surgiu entre nós uma simpatia e andando ao seu lado
na Avenida, entrei no DANÚBIO AZUL, uma sorveteria e comprei uma lata de GELÉIA
DE MOCOTÓ, com a qual presenteei, sendo motivo de gozação, más na verdade ela
era muito magra e o presente demonstrava isso. Ela recebeu e tudo ficou numa boa.
Passei a fazer refeições na casa da moça a quem dera a geleia. Uma casa de
tábuas, próxima à cabeceira da Ponte Goes Calmon, a que liga o bairro Conceição
à cidade e que foi a primeira de Itabuna. Dona .Stelita Pureza do Prado, sua
genitora, simpatizava o meu trabalho no rádio e depois que eu fiz alguns
elogios à beleza da filha e perguntei se ela assinava um documento, para eu
casar com ela, respondeu afirmativamente. No outro dia eu compareci na pensão
com um documento para ela assinar, já que a Neide só tinha l6 anos feitos recentemente. Daí passamos a namorar
e se precisava ir ao cinema ou a qualquer festa héramos acompanhados por uma
senhora de nome CREUZA pessoa da confiança da mãe da moça.. Os irmãos Bita não
aceitava. DITO não dava nota, as irmães nada diziam e eu de olho, doido prá
casar. Cheguei até a fazer uma música e tocava na Rádio que dizia:” Eu tou
doido prá pedir-te em casamento- Más não sei se vou casar- É você meu sofrimento-Isso precisa
acabar. Moreninha tua vida é toda azul- Moreninha tu cái bem aqui no Sul , Eu amo teus retratos que
enfeitam paredes-Morena dos olhos verdes. Começamos a levar o namoro a sério e
falar em casamento. A mãe da moça que antes assinara o documento numa boa
passou a ficar contra a ideia e aí passou a espanca-la. Entrada dos documentos
for dada e marquei a data do casamento
3O de junho de l958, fiz uma carta ao Prefeito de Jequié-Urbano de
Almeida Neto meu ex -patrão, pedindo-lhe um veículo para que eu pudesse passar
as `núpcias na minha Terra, no que fui atendido Casamos no Civil, e depois na
Igreja de Santo Antônio, na Praça do mesmo nome, centro de Itabuna . Na
cerimônia não havia ninguém de nossas famílias. Somente os colegas de Rádio uns
curiosos e amigos do Berilo e da Mangabinha assistiram o nosso SIM! O carro já
estava na cidade desde a véspera do acontecimento e fomos na casa da mãe da
noiva para que esta recebesse as bênçãos
da mãe. Dona Stelita não nos recebeu. E depois de muitos conselhos dos
vizinhos, sob insistentes pedidos de bênçãos, ela respondeu, Deus lhe abençoe
mas não me traga este negro pra minha porta não. Nada mais a fazer nos despedimos
dos amigos e colegas de rádio, entramos no jeep de capú alto e fomos dormir em
Itajuípe na Pensão da mãe da colega de rádio Lídia de Oliveira. Somente na manhã do dia
seguinte, seguimos viagem, chegando em Jequié no mesmo dia e sendo recepcionados
por meu pai, já que outros conhecidos não encontrei mais. Passamos uns três
dias por lá, brincando no areião do Rio de Contas, passeando de taxi com meu
Pai que fez questão de nos mostrar à cidade .Só não me lembro ter visitado o
benfeitor Urbano de Almeida Neto, ao que me parece não estava na cidade. No
quinto dia, acredito o mesmo veículo nos trouxe de volta e passamos a viver a
vida real, como ela é. De volta a Itabuna, os móveis que havíamos comprado na
Mobiliaria de Yôiô, na rua Duque de Caxias
não haviam sido entregues e nossa primeira noite em nossa casa, foi sem
as formalidades legais. Tivemos de conseguir uma cama emprestada a Dona
Rosinha, esposa de Otacílio Montargil, sapateiro, pai da minha madrinha de
batismo CREUZA MONTARGIL porque eu não tinha o Atestado de Batismo. Más a
felicidade reinava e isso era muito bom. Devo, por descargo de consciência afirmar
que tive dificuldades em me acostumar com a vida de casado, já que eu era um
boêmio inveterado, só não bebia, más adorava estar às noites fora, tocando
o violão e cantando, acompanhado dos
amigos, e, minha mulher foi a grande mantenedora da nossa união, pois brigava,
contrariava-se com minhas fugas para jogar sinuca no BAR DE TOTE e cantar nas
noites da Mangabinha e a tudo suportava. Parabens para ela. Merece. a vida
corria livre. Nove meses e um dia minha mulher teve dois(2) filhos, trazidos ao
mundo pelas mãos da parteira Dona Otaciana Pinto, depois de ter estado no
Hospital Santa Cruz, onde foi internada assim que eu tomei três Mil Cruzeiros
emprestados ao Patrão Otoni Silva,
dinheiro que eu percebia por mês. Era uma exigência do Hospital o depósito
daquela quantia para que minha mulher pudesse adentrar às instalações do
referido nosocômio. Ficou do lado de fora torcendo-se de dores, até eu chegar
com o dinheiro. No outro dia o médico parteiro Dr. Jon Lehy que morava na rua
Antônio Muniz próximo ao hospital,
consultado por mim, disse que acreditava que a criança estava morta, pois não
conseguira ouvi-la. Comentava-se que o parto seria Quatro Mil Cruzeiros. E eu
já tinha tomado três, ao patrão, como arranjar mais quatro? Daí resolvi trazer
a mulher para casa e pedir a parteira Otaciana Pinto que achou que era trabalho para hospital, más,
minutos depois os meninos nasceram. AlegriaIII O troco do dinheiro que
depositei no hospital, comprei de bebida e foguetes, confraternizei com
conhecido e desconhecidos e foi assim o primeiro parto da minha mulher. Nasciam
os gêmeos ROMILTON e NEIDEMILTON, que, infelizmente depois de oito meses e oito
meses e quinze dias, vieram a falecer, sempre com as mãos sobre o ventre e o Médico Dr. João Monteiro que os assistia dizia
serem portadores de sífilis, o que não se repetiu nos outros quatro seguintes,
graças a Deus. Com a morte do último, cometi o erro de fazer um bilhete e
colocar no caixão, dizendo a Deus da minha dor. Não me lembro de uma só palavra
que escrevi, más desabafei. Um ano após nasceu um garoto com mais de seis
quilos, que foi colocado em pé sobre a cama, demonstrando ser forte. Todos
ficamos contentes com o peso da criança. Era o ano de l96O e por ser muito
forte e ter nascido enlaçado, demos o nome de JOSÉ MARCIONÍLIO, homenageando o
avô, meu Pai. em seguida nasce a primeira mulher na minha casa a quem
registramos com o nome de DENEBOLA MARIA (estrela da Constelação Leão de 3,3 de
magnitude. Li num almanaque e gostei, tendo minha mulher aceito. Depois nasceu
o Romilton Nonato, nome que eu teria que ter pela vontade da minha mãe, segundo
meu Pai. Foi assim uma homenagem a mulher que me trouxe ao mundo. ALOBENED
AIRAM, foi a caçula da família e herdou da mãe, o desejo de ser cantora, o que
é até estes dias, sendo até destaque internacional, como principal voz da BANDA
MEL, com várias viagens internacionais. Só no Japão passou vinte e seis dias. Até
hoje, de quando em quando está em Portugal onde tem amigas que lhe conseguem
algumas apresentações. Que Deus a proteja, sempre. Ela me prestigiou gravando
duas músicas minhas, com a Banda Mel, DESEJO E GOSTO DE VIDA. Minha mulher era
muito querida quando cantava na Rádio Clube de Itabuna e depois na Rádio
Difusora Sul da Bahia, más, só veio gravar alguns músicas minhas, só muito
tempo depois, num studio particular. Tenho uma seleção dela cantando, o que
muito me alegra. Desde l957 que tenho uma composição registrada na Biblioteca
Nacional, no Rio de Janeiro. Trata-se da canção(MAJESTADE DO CACAU), uma
homenagem a Itabuna e que à juventude que participava dos programas de
auditório que eu apresentava, cantava sempre, nos ídos de l957 a l962. Neste
ano não concordei com a Rádio Difusora devido a falta de aumento dos proventos.
Daí, sem criar nenhuma dificuldade, pedi afastamento. Ainda naquele ano,
consegui um aval de Paulo Nunes Filho e comprei um jeep Lande Hover, usado e
juntamente com Eurípedes Lopes da Silva e a Cantora Margot Silva, ensaiamos e
passamos a apresentar a Dupla MARTELO E MARTELIN, por várias cidades da Região,
começando no dia l5 de novembro na cidade de Pau Brasil. Casa cheia, agradamos,
más, sem uma equipe que pudesse fiscalizar a bilheteria, não fomos bem
remunerados. Fizemos apresentações na Região inteira e fomos até Jequié onde o
público não foi dos maiores, mas tive a felicidade de ter na plateia, a filha
de Dona Edézia Brito,ARLY que me aplaudiu. Da. Edézia era a dona do Serviço de
Auto Falantes, onde comecei a trabalhar com informação. No bairro
Jequiezinho-Jequié. Devido os pequenos isolamentos da minha família, que não
podia me acompanhar, preferi deixar as apresentações. De acordo com a minha
mulher, resolvi, fazer uma investida em São Paulo, tendo como segurança de
estadia, à casa de uma tia dela, na cidade de Santo André, no ABC –Paulista.E
lá fui eu, sendo bem recebido e no outro dia já conseguia lugar na Rádio ABC DE
SANTO ANDRÉ, tinha como apresentação, uma carta de Lourival Ferreira, dizendo
das minhas qualidades. Más no período, os radialistas estavam em greve para
sair do trinta e um para noventa e um mil cruzeiros de vencimentos. Me mantive
na referida rádio por dezesseis dias, más não consegui o contrato que desejava
com um preço melhor que o mínimo. Aproveitei para testes numa Rádio que era
instalada na rua vinte e três de março, no décimo quarto andar de um prédio
antigo. Rádio que esqueci o nome. Uma curiosidade é que estando em greve, êles,
resolveram me escutar e depois de ouvir de mim que sabia tudo de rádio,
fizeram-me várias perguntas, mandaram eu ler, vários textos de publicidade,
fazer apresentações comediantes no que era craque, sendo no final aplaudido e
convidado a participar do movimento que não podia ceder. Fui prejudicado
naquele período até num teste que fiz
com BRIM FILHO, UM GRANDE LOCUTOR QUE CHEGOU A TRABALHAR AQUI NA ABHIA, e que
naquela oportunidade era responsável por testes de pessoal numa grande estação
de televisão, que depois fechou, ou foi adquirida por outra rede., não estou
bem informado. Nas minhas andanças por São Paulo, estive nos Stúdios da Rádio
Tupy, e lá. No restaurant da emissora jantei com ADOCIVAL ARAÚJO, que era
locutor da grande Estação de Rádio e que foi meu colega na Rádio Cultura de
Ilhéus. Más, o ambiente estava travado, com a greve. O dinheiro que levei, só
dava para retornar, daí, o que pude fazer para demostrar minhas qualidades foi
me apresentar no Programa do PEDRO SERTANEJO, na Rádio ABC de Santo André, em
meio a uma quantidade enorme de duplas caipiras que ali, frequentavam aos
Domingos. Era l963, o sol castigava a Região do Cacau onde varias fazendas estavam
pegando fogo. Tais informações recebia através de cartas da esposa. Retornando
à Terra querida, instalei na garagem de minha pobre residência, na rua São José
l5l, uma “biboca” como chamamos a pequena casa comercial que só vende coisas de
pequeno valor, a banana, a cachaça, o café, o açúcar etc., até que certo dia,
Paulo Nunes Filho, parou seu automóvel em frente a minha casa e perguntou-me se
eu queria ser ESCRIVÃO DE POLÍCIA e eu aceitei. Daí êle me disse, vá amanhã
para a Delegacia que meu Pai vai lhe nomear. O Pai Sr. Paulo Nunes, já era
Deputado Estadual, no Governo de Antônio Lomanto Junior. Cheguei cedo à
Delegacia que era instalada à rua Ruy Barbosa e me apresentei ao Sr. JOSÉ NUNES
NETO, que era suplente de delegado e estava no exercício. Tratava-se de um
senhor com seus 65 anos ou mais, primo
ou tio do Deputado que procurava dentro do possível exercer o cargo. Depressa
nos entendemos e contrariei um pouco a ABIEZER RODRIGUES, um futebolista que
estava exercendo o cargo de escrivão, por influência do Prefeito José de
Almeida Alcântara . Naquele mesmo dia fui nomeado e o carcereiro também foi
mudado, deixando de ser cargos da
Prefeitura .Procurei me situar na nova profissão e recebi do Promotor Público,
Dr. EUGENIO BRANDÃO, um Código Penal e
algumas orientações como devia proceder na tomada dos depoimentos. E
assim passei a exercer a função. O Promotor sempre estava presente nos assuntos
mais importantes, era um homem de boa presença, preocupado com a forma de
vestir-se, sempre engravatado e um livro na mão. Residia na Rua Ruy Barbosa,
perto da Delegacia, do escritório do Dr. UBALDINO BRADÃO-advogado dos mais
conceituados na cidade. Além do Delegado, tínhamos o médico legista Dr.
LAFAIETE que residia na Rua Duque de Caxias, era fazendeiro também, as
vezes, DR. OSCAR JESUÍNO e algum tempo depois o Dr BENEDITO WENCESLAU. Que
sempre se hospedava no Hotel Odete, onde
o achávamos sempre que preciso. Se não me engano o Dr. ANTONIO FONTANA, também
colaborou com a Polícia. PEDRO MARQUES DE SÁ, era um informante policial,
também conhecido como Auxiliar de Polícia. Era ligado à Prefeitura, como
funcionário e cunhado do Dr. Ubaldino Brandão-advogado. Este Doutor fora
Prefeito de Itabuna oportunidade em que trouxe o Pedro Marques para Itabuna. Pedro
Casou-se com uma parenta do Dr. Ubaldino Brandão Assumiu o cargo de Fiscal
Geral do Município, e é dele o calçamento
ou sobre suas ordens a construção do calçamento de toda área do
Hospital Manoel Novaes, ainda existente. PEDRO MARQUES era ligado à Loja
Maçônica sendo um dos seus mais respeitáveis membros, gozava de grande conceito
na cidade. PEDRO MARQUES fora combatente
contra LAMPEÃO, nas investidas da
Polícia para matar os cangaceiros. Contava que não havia prestado juramento e
sim recebeu fardamento e fuzil, dados por grandes proprietários de terras que
se sentiam ameaçados por Lampião e colaboravam fornecendo, homens e armamentos,
daí Pedro Marques não ter sido aposentado como policial militar, porque sua
participação no Movimento, não era oficial, segundo contou. Um fato muito
engraçado que Pedro Marques contava é
que numa das diligências, o grupo penetrou num casa simples dentro do mato e um
homem velho que estava de cócoras à frente da casa, pronunciava “hin-áfo”
repetidamente. Depois da busca no interior da casa e nada encontrado, o homem
negro continuou dizendo a mesma coisa que ficou empregnada na mente do Pedro
Marques que na primeira oportunidade , aqui em Itabuna, consultando um
certo Professor foi informado que tratava-se de , gíria de origem africana e queria dizer: COISA RUIM. Pedro
ajudou em muitas investigações, na condição de informante. Depois do
afastamento do Sr. JOSÉ NUNES NASCIMENTO, tive a honra de trabalhar com o
Capitão SINFRÕNIO, da Polícia Militar, bem comedido e desempenhou um bom
trabalho. Lembro-me dos Delegados DR.GERSON FREIRE, DR. JUSTO CALAZANS outros
militares, sargentos, Capitães e PEDRO MARQUES DE SÁ, quem mais tempo permaneceu no cargo. Na gestão do Dr. Gerson
Freire, ocorreu um incidente que me envolveu. Minha professora da língua
portuguesa no Colégio Estadual de Itabuna, que morava no bairro Pontalzinho,
queixou-se na Delegacia de um tal PAULO DE SOUZA, um rapaz que ali também
residia e o chamavam assim, ao que informou depois, porque era metido a durão,
junto às mulheres. A acusação era de que ele havia deflorado uma de suas filhas
de criação. Na condição de Escrivão e atendendo a ordem legal, tomei o seu
depoimento, ouvi à vítima, mandei-a ser submetida à exame de corpo de delito,
depois as testemunhas foram ouvidas. Concluir o inquérito que foi assinado na
forma da lei pelo Delegado, e em seguida remetido à Justiça. Ocorre que o Juiz
naquela oportunidade tinha esse nome. Daí ter àquela Autoridade, verbalmente
através dos seus auxiliares, ANTONIO RODRIGUES E JOÃO ‘QUEM QUEM’, mandado o
Inquérito de volta com o recado de que devia ter suprimido o nome de Paulo de
Souza e colocado PAULO DE TAL. Levado o problema ao Delegado, este disse que
não tinha o que modificar, pois tratava-se do depoimento de uma professora ,
pessoa esclarecida. Os auxiliares retornaram ao Forum, Uma hora depois os
mesmos auxiliares voltavam à Delegacia acompanhados de um Agente da Polícia
Federal, com ordem verbal de prisão do Escrivão.(ditado certo- o pau só quebra
nas costas dos mais fracos) Ao receber a ordem e na condição de Funcionário da
Segurança Pública, me coloquei à disposição, pedindo que tivesse um pequeno
tempo enquanto comunicaria ao meu
Chefe o Sr. Secretário da
Segurança Pública e depois os acompanharia. E assim foi feito. O Delegado nada pôde fazer, e se havia
culpa, seria dele, o Chefe que a tudo corroborara. O Delegado fora colega de
ginásio do referido Juiz e acostumava contar alguns casos ocorridos na escola
com a hoje Autoridade e o apelido que lhe colocaram na sala de aula.”PAULO
....TINHA”. O Juiz tomou conhecimento desses contos por parte do Delegado, daí,
acredito, juntou uma coisa com a outra e como afirma o ditado, entre o maré e o
cáis que sofre é o marisco, lá fui levado à Cadeia, onde hoje funciona a
FICC(Fundação Itabunense de Cultura e Cidadania) alí me deixaram em sala livre,
mas eu fiz questão de ser recolhido e fiquei junto de vários presos e passei
com eles a jogar baralho e dama. E sempre atendia, minha esposa que lá chegou
chorando, amigas e amigos que estavam surpreendidos com àquela situação.
Enquanto isso as notícias eram de que o Secretario da Segurança estava tomando
as devidas providências e o certo é que eu dormir lá, preso com certa regalia,
mas estava lá. No outro dia por volta de nove da manhã, fui levado pelos mesmos
auxiliares do Juiz e mais o Policial Federal, para ser apresentado ao Sr. Dr.
Delegado da Polícia Federal, em Ilhéus, que ao me receber perguntou-me: O senhor
é nomeado? Respondi que sim. Imediatamente mandou-me colocar em liberdade e que
eu voltasse as duas horas da tarde para prestar depoimento. Assim foi feito e
eu mesmo providenciei meu retorno à Itabuna. Nunca tive nenhum desentendimento
com o Juiz e continuei o atendendo dentro dos trâmites legais. (em l982) àquela
Autoridade, já em Salvador, na condição de Juiz da área da Polícia Militar ou
algo que o valha, me fez um ofício parabenizando-me pela investidura no Cargo
de Delegado Regional de Itabuna. Oportunidade em que me desejava muito sucesso
no cargo. Outros Delegados passaram por Itabuna, muitos deles por períodos
curtos na Delegacia Regional, mas lembro de Dr. José Henrique de Oliveira,
Político de Ibicaraí, a quem substitui em l982. do então Tenente Jutahy Miranda
de Alencar, do Cel Rudival e outros .Minha educação era primária, fiz um bom
quinto ano e sempre procurei me informar das coisas, lia muito tinha por mania saber dos nomes dos presidentes de vários
Países, sempre acompanhado nesse mister do colega CELSO GOMES ROCHA, muito
estudioso e bom redator de noticiários
para o rádio e jornais. Procurei aperfeiçoar o pouco que sabia da lingua
portuguesa e adentrei a escola, particular dirigida pelo Professor, irmão do
Dr. Gervásio José dos Santos, que era instalada em uma das vias que penetra à
Praça da Bandeira. O Professor usava muito a bebida alcoólica tendo certa feita
quase cái da Ponte Lacerda, com o automóvel, más era um grande sujeito.,
inteligente. Concluído o referido aperfeiçoamento, me submeti a exames do
MADUREZA, que submetia os alunos que tivessem o quinto ano primário completo, a várias provas de
assuntos que interessassem ao Segundo Grau, preparando-os para o nível superior
de ensino. Fui bem em todas as provas. Uma curiosidade, quando prestei prova de
GEOGRAFIA, a uma Professora cujo sobrenome era DANTAS, cometi uma gafe que não
esqueço: Ela perguntou-me o que eu sabia de geografia e lhe respondi: TUDO
PROFESSORA em contra-partida ela me respondeu :”eu sei quase tudo ”.Não sei onde
coloquei a cara naquele instante. Satisfeito com o avanço na educação fiz o
Curso de Contabilidade, lembro do Professor Walter Silva. Formado em
Contabilidade, fui nomeado pelo então Governador Antônio Carlos Magalhães para
o cargo de Professor de Contabilidade. Os proventos não eram dos melhores e ao
mesmo tempo eu prestava VESTIBULAR, para
a Faculdade de Filosofia de Itabuna e passei!!! A turma festejou com uma
carroça enfeitada de palhas, no centro da cidade, eu era quem dirigia a carroça
e muitos fogos, chamavam a atenção. A maioria era do sexo feminino, esposas de
alguns médicos daqui, cujos nomes já fogem da memória. Concluído o curso de
Filosofia, prometi que viria a pés até Itabuna, o que cumpri com grande
acompanhamento de automóveis dos colegas que insistiam que eu não fizesse
´`aquilo, más, foi uma maneira que eu achei de agradecer a esta Região que me
dava a oportunidade de ter o nível superior. Esperava que outros seguissem o
meu exemplo, más, até hoje novembro de 20l6, não soube de outro que assim
procedesse. Fui o ORADOR OFICIAL DA TURMA na oportunidade o professor
homenageado foi o Professor Doutor Flávio Simões, numa festa, no salão
principal da Escola AÇÃO FRATERNAL DE ITABUNA. Minha tia Noêmia Teles Santos me
deu a honra de vir de Salvador para a cerimônia o que muito me engrandeceu. Não
satisfeito, fiz vestibular para DIREITO e consegui, cursar e me formar. Naquela
oportunidade fui a pés até Ilhéus, no bairro Cidade Nova, residência do
Professor HAMILTON CASTRO ,que sempre me elogiava em sala de aula e certa feita
quando eu pronunciei na sala “PÉ DE
HÉLICE”, ele me perguntou se eu conheci tal pessoa, oportunidade que lhe
informei que era meu pai. O referido professor então contou que assistira “Pé de
Hélice” jogar Futebol, na cidade de Areia, Bahia, levado pelo seu tio que era
Coletor Estadual. Lembrou-me que ele foi
acompanhado de um outro jogador que ele não se lembrava o nome. Meu pai estava
em minha casa, doente, e quando lhe falei sobre o fato ele me respondeu que
quando saía para jogar como convidado, levava AUGUSTO OU BARÃO, dois colegas do
mesmo time BARROSO, de Nazaré das Farinhas. Quando da próxima aula que tive com
o referido Professor lhe disse: “Papai mandou dizer que quando era convidado
para jogar fora, sempre se fazia acompanhar de AUGUSTO ou BARÃO. A essa altura
o professor, falando alto, emocionado desmaiou sobre a mesa de trabalho,
dizendo: foi Augusto, Foi Augusto !!! Foi um corre corre , traz água aí, e rapidamente o professor se
recuperou. Foi essa ligação de amizade que me fez ir a pés até à casa
residencial dele, em Ilhéus. Eu me sentia gratificado pelo quanto Itabuna e
Ilhéus me deram. Escrivão de Polícia há muitos anos, e agora com o Diploma de
Bacharel em Direito, não visei advogar profissionalmente e sim crescer na área
que exercia meu trabalho. daí, resolvi enfrentar o Curso para Delegado de
Polícia da Escola Nelson Pinto em Salvador. Mais quatro meses de estudos
Passei, fiz o curso de Delegado, oportunidade em que em meio a setenta e quatro
concluintes fui escolhido para ser o ORADOR OFICIAL DA TURMA.E no auditório da
Polícia Técnica, com a presença de minha esposa e alguns amigos recebi o
CANUDO, e discursei, para no final ser abraçado por muita gente que não era só colegas mas
também seus familiares. Retorno a Itabuna, com o canudo, e reassumi o meu Posto
de Delegado Regional para o qual fui nomeado, politicamente pelo então
Governador Antônio Carlos Magalhães, más, agora assumia como profissional de Carreira da Polícia Civil do Estado da
Bahia. Dois anos depois fui transferido para ser Delegado de Polícia de
Canavieiras sendo subistituido pelo Dr. Ezequíldes Nunes, que tinha mais tempo
de Polícia do que eu e um ano e meio depois fui mandado para Teixeira de
Freitas a fim de instalar e dirigi a Trigésima Terceira (33) Delegacia
Regional, onde permaneci por dois anos, retornando a Itabuna para a mesma
função de Delegado Regional, quando me aposentei em l992 (MIL Novecentos e
Noventa e Dois). Fui criticado pela
imprensa em algumas oportunidades, sim, mas em tantas outras fui elogiado,
acreditando ter um saldo positivo. Agradeço muito ao Dr. JOÃO BARBOSA LARANJEIRA
DE CARVALHO da Alta Direção da Policia, o mais próximo, o mais orientador.
Grande policial O grupo que trabalhou comigo, aqui, era de primeira linha. Ganhava
pouco, mas, tinha satisfação em fazer o trabalho; Os Delegados que dirigi, na
Regional de Itabuna-Péricles Romulo da Costa-Furtos e Roubos. Jackson Silva-2ª.
Delegacia. Olindete Santana, a quem confiei por várias vezes, missões
especiais, principalmente em Pau Brasil, pequena cidade que já havia matado
três Delegados(dominamos a féra). Participei diretamente nas investigações do
pistoleiro que matou PEDRO ALVES, grande fazendeiro em Pau Brasil e outras
Regiões, ferido de morte em Camacn. dentre os crimes mais falados. Não podia
esquecer nomes de Escrivães que ajudaram
os nossos trabalhos, especialmente EDÉZIO GUERRA que veio de Barro Preto,
Wilson Oliveira, Alzira da Furtos e Roubos e tantos outros cujos nomes fogem da
mente, mas que me ajudaram muito, Os agentes, e foram tantos que passaram por
aqui, os carcereiros e os Comandantes da Polícia Militar, braço direito da
polícia Civil, sem o que nada seria feito com um pouco de perfeição e porque
não lembrar da Polícia Federal sediada em Ilhéus que muitas vezes, precisamos
de orientação, principalmente nas
invasões dos índios em Pau Brasil, da fuga de onze(ll) detentos da Cadeia
pública. Segurança Pública. Somente quem participa ou participou sabe da grande
importância!!! Antes da Revolução de l964,era eu Gerente do Cine Itabuna, por
obra e graça do Sr. Paulo Nunes Filho que era o proprietário. Manoel dos
Santos, genro de João dos Carneiros da Burundanga era gerente do Cine Plaza,
que também chamou-se Cine Glória.. A situação dos preços dos gêneros alimentícios
naquela oportunidade, estavam fora de controle. Diariamente, o preço da carne
subia e outros itens das nossas necessidades domésticas. Daí, juntamente com o
Manoel dos Santos e outros funcionários dos dois cinemas, começamos uma
campanha de esclarecimento e protesto contra a situação. No meio da Praça Adami
colocamos uma faixa que dizia: FOME, FOME, FOME. o muito que nos resta!!!! Na
oportunidade anunciava por vários meios, um comício na Praça principal da
Mangabinha, com a presença de Autoridades. Anunciava também uma passeata que
desceria à Av. do Cinquentenário(principal rua do Comércio local. Vários
líderes políticos compareceram, dentre eles: José Soares Pinheiro, o
“Pinheirinho”, Manoel Leal-jornalista, Calixto Midlej Filho que sempre era ligado
às coisas do Governo do Estado, através de Wilson Maron, que era parente do
então Governador Antonio Carlos Magalhães, segundo se comentava, José Oduque,
político da cidade, e outras autoridades. A Imprensa de modo geral, inclusive a
Rádio Difusora com a liderança de Lourival Ferreira. Discursos inflamados se
ouviram, todos, protestando contra a situação econômica por que passávamos. Por
orientação de Lourival Ferreira, usei do microfone para desfazer a idéia da
passeata, pois, indivíduos vindos de Ilhéus estariam prontos para fazerem o
quebra quebra no comércio, o que mudaria o curso do protesto. Interessante foi
o momento em que colocávamos a faixa na Praça Adami, um senhor de nome MESSIAS,
que era pai do outro Messias dos super-mercados, acompanhado de outros homens ,
nos deu ordem de prisão e nos levaram à presença do Delegado de Polícia, um
Capitão da PM. Horton Pereira de Olinda que residia e naquela hora, dormia em
sua residência na rua do ZINCO. Depois de nos ouvir, a Autoridade, sem mais nem
menos, disse para o grande comerciante,
que o protesto era permitido e que não poderia prender os que protestavam. A
não ser que fizessem desordem. Fomos liberados. Dias depois a Revolução foi
declarada e as dificuldades continuaram , más os preços se mantinham tabelados,
inclusive com soldados do Exército em porta de vários estabelecimentos
comerciais para que a ordem não fosse desrespeitada, principalmente na área dos
comestíveis. A essa altura uns vinte dias antes eu tinha sido nomeado Escrivão
de Polícia. Passei a ter dois salários pois retornara ao rádio. A Comissão de
Carteira de Motoristas vinha duas vezes por ano, para exames dos interessados e
na qualidade de escrivão tinha por dever atender aos pedidos de ATESTADOS de
Conduta e residência. Em cada documento desse, era colocado um selo Estadual e
eu os comprava na COLETORIA ESTADUAL, QUE FUNCIONAVA NO MESMO PRÉDIO DO Serviço
de Alto Falantes A VOZ DA CIDADE, ainda dirigido por ALOÍSIO CALDAS. Ali também
na Coletoria eu recebia meus proventos, depois de assinar num livro , chamado
de Folha de Pagamento. Certa feita o Coletor me chamou a atenção pela minha assinatura então eu
esbravejei dizendo: Meu Senhor. Estão proibindo tudo com a Revolução más, minha
assinatura vai ter que continuar a mesma! O simpático Coletor deu uma
risadinha, como se concordasse em parte, comigo. De posse dos selos, os
colocava nos documento e recebia pelo serviço prestado alguma gratificação,
principalmente se o fazia fora da hora de trabalho .Sempre que a Comissão vinha
eu ganhava um dinheirinho a mais e o juntava. Em conversa comigo na minha sala
de trabalho ZEZITO DO ACARY, um dos componentes do Grupo Musical NAMORADOS DO
RÍTIMO me contou que estava vendendo uma fazendinha do sogro que era Chefe da
Guarda Municipal de Itabuna, Senhor ANIBAL FRANCO, por bom preço e facilitava o
pagamento, contando que evitasse o pagamento do Selo de Herança com a
proximidade do falecimento do referido senhor. Me interessou a proposta e fui
ver à propriedade, na Zona do Serrado, Município de Ilhéus e fiquei encantado
com um riachinho, pequena pastagem, sem outras coisas de valor, a não ser uma
casa de bom tamanho em taipa, assoalhada e coberta de telhas de barro. Comprei.
Paguei com a reserva que possuía na época, más, não tinha dinheiro para manter
um empregado, daí ter acordado com um rapaz que atendia por MANOEL PRETO, a
quem forneci um estoque de mercadorias
que comprei fiado, a fim dele revender e criar uma renda para se manter. Este
cidadão assim procedeu, plantou mandioca, e outros. cereais durante uns cinco
anos, depois tendo construído duas casas no bairro São Pedro aqui em Itabuna,
disse-me que ía deixar a roça para vir para a cidade, a esta ALTURA DONO DE
QUATRO(4) ANIMAIS(BURROS) E JEGUES, DUAS
BICICLETAS USADAS, e objetos domésticos. Não protestei e tive que encontrar
outro e mais outros que também não demoraram muito pois eu nunca tive condições
de tê-los como empregados, facilitava-lhes
que produzissem. Um ano depois, o vizinho conhecido por “BARRETINHO”, ME
OFERECEU A ÁREA DÊLE DE ONZE HECTARES, POR PREÇO QUE EU PODIA PAGAR. Fiquei. De
posse de vinte e nove hectares, comecei a me preocupar com a penetração da área
que era muito difícil. Pois tinha que saltar
em frente à Fazenda PRIMAVERA, NA ESTRADA DE Ilhéus, andar duas léguas a
pés, isto depois de subir a ladeira do
Cedro(nome de uma fazenda, descer a ladeira da JANDIRA, outra fazenda e subir
às quatorze voltas para chegar ao Alto Bonito, daí andar uns dois quilômetros
para chegar na propriedade que passei a chama-la de DENÉBOLA, numa homenagem a
minha primeira filha mulher. Aurelino Almeida, meu próximo vizinho .Possuía uma
área de trinta e seis hectares, fruto do trabalho do seu Pai JOÃO DE DEUS
ALMEIDA, e me propôs vender. Eu não tinha condições, mas, lhe apresentei o Manoel
dos Santos, meu colega de gerência de cinema, que depressa ficou devendo parte
do dinheiro e entregou a seu irmão JOAQUIN, à administração. Dois anos depois,
Manoel desistiu do negócio sendo que uma parte da propriedade ficou para o Joaquin, para fazer face ao dinheiro que
fora dado antes. Aurelino me propôs vender a parte que sobrara por certa
quantia que não me lembrou o preço, pagamento parcelado em Notas Promissórias
de cento e setenta cruzeiros e mais um caminhão velho que êle me apontara junto
ao canal em frente ao Posto Monte Líbano, no centro da cidade. O caminhão
estava à venda.. Para comprar o caminhão, dei um lote de terreno nos fundos da
revendedora de automóveis CRASLEY (da
qual Paulo Nunes Filho era representante , mais um rádio portátil, Mil
Cruzeiros em espécie, a um cidadão, negro, forte, que morava na rua Aurora no
bairro Conceição e era motorista autônomo. A parte de JOAQUIN somente depois
comprei, também em troco de um outro caminhão FORD que eu comprara para encascalhar
a estrada que chefiei a construção, ligando a Fazenda do Sr. João Fontes, no
antigo kilômetro nove(9) de Itabuna a Buerarema, até à Fazenda DENÉBOLA. Não
satisfeito e por achar que sozinho não poderia conservar a estrada, resolvi levar o ramal até a
localidade do JAPÚ, sete quilômetros adiante. Comecei em l966 e no dia 28 de
dezembro de l968,consegui penetrar na Vila
do Japú com meu jeep Land Hover. Nunca tinha sido tão homenageado em minha vida,
nem quando saí do Cine Teatro Ilhéus depois da apresentação da Peça CHUVAS DE
VERÃO. Tive que penetrar em todas as casas do lugarejo e fui homenageado dentro
da Igreja de Nossa Senhora do Pau, construída pelos Jesuítas, antes de
adentarem Ilhéus. Infelizmente, a ignorância de alguns dirigentes derrubaram a
Igreja para construção de um colégio, com tantas áreas desocupadas. No lugar.
Nossa ignorância cultural. Anos depois conseguiu com o Dr. Antonio Menezes,
médico em Itabuna e que passou a ser Presidente do Instituo de Cacau da
Bahia(Orgão criado pelos produtores de Cacau que a estupidez dos nossos dias
deixou desaparecer) atendeu nosso pedido e mandar alargar o ramal com um
trator. Estava definitivamente a Estrada-Itabuna-Japú. Um fazendeiro que também
é funcionário da Prefeitura de Ilhéus, conhecido por ‘RAIMUNDINHO” ERA O LIDER
POLÍTICO DA ÁREA CONHECIDA COMO CERRADO ( QUE QUER DIZER-LOCAL DE ÁRVORES DE
RAÍSES PROFUNDAS ) conseguiu junto
à Prefeitura de Ilhéus desapropriar Dois
hectares de minha propriedade para construir a sede do referido lugar. No que
eu e minha mulher concordamos e assinamos lá na Prefeitura de Ilhéus, o
documento legal. O mesmo líder juntamente com um presidente de sindicato rural
da área, conseguiram do Programa do Governo Luz para Todos, a chegada da luz
elétrica, a Caixa Dágua com motor para enchê-la prédio escolar, posto de saúde.
Concedi em troca de um velho automóvel da associação de moradores, um terreno
para instalação do campo de futebol (Hum hectare) e assisti a construção da
Igreja Católica, a Adventista e a Igreja Assembléia de Deus. O que não pegou,
ainda na área foi qualquer casa de diversão, pois a maioria é religiosa,
Cheguei a colher nas duas áreas a
primeira e a de Pedro da Goma, até cento e quarenta arrobas, vendidas à Brandão
& Filhos, em Itabuna, mas, a produção foi caindo e por último um verão
muito longo matou muitos pés e quebrou a produção para zero.Com dois meeiros
tentamos sobreviver com plantação de cereais e dificuldade para evitar que os
ladrões roubem as madeiras. O que é difícil. Para os meeiros sempre forneci
cestas básicas, durante sete meses, a
fundo perdido. Alguns, assinavam o contrato, pegavam as cestas e desaparecia,
uns três assim procederam, outros conseguiram permanecer.
A EXPERIÊNCIA COM O
GADO BOVINO.
Não fui feliz, pois, além de
não ter pessoal especializado, uma seca de vários meses queimou às
pastagens que já eram pobres e fui obrigado a conselho da nora MARIA RITA, MÃE DE SAUAN, duma convivência com o meu filho José Marcionílio , transferi todo o
gado para uma propriedade que ela herdou do pai, em Coaraci, na Zona do Ouro. Porém dois meses
depois fui obrigado a retornar o gado para as mesmas pastagens, faltando seis
cabeças que ficaram na responsabilidade do José Marcionílio tomar conta. Com a
continuidade fui vendendo alguns e morreram outros. E a vida continua. Resolvi
advogar juntamente com o colega RENAM SILVIO SANTOS, inteligente colega e de
uma postura apreciável no púlpito, que impressionava muito bem os jurados.
Marcante foi a defesa que fizemos de uma senhora, em AURELINO LEAL, cidade
defronte de Ubaitaba. A mulher era
acusada de ter envenenado o patrão, fazendeiro naquele Município e diariamente
jornais e estações de rádio comentavam o assunto., condenando-a. Depois de
memorável júri, conseguimos ganhar por quatro a três e posteriormente o
Tribunal do Estado confirmou a sentença prolatada. Defendi muita gente pobre e
por isso não tive condições de manter escritório
mesmo em minha residência, isto porque, na maioria dos casos, qualquer despesas
de viagem ou até de requerimento de alguns documentos que demandassem pagamento
de custas, não havia recursos da parte dos interessados. Quem advoga sabe
dessas dificuldades. Por três vezes fui candidato a vereador e uma a Prefeito.
Não consegui sucesso em nenhuma das pretensões. A de Prefeito eu era Presidente
do Partido da Reconstrução Nacional ( P
R N) do qual fui presidente, graças a orientação de VAL CABRAL e outros do
Diretório local. Como alegava querer
peneirar os malefícios que atingiam às coisas do povo de Itabuna , passaram a
me chamar de O HOMEM DA PENEIRA, o que aceitei e assim me fiz divulgar. Naquela
oportunidade l996 tive seiscentos e Cinquenta Votos, enquanto o Fernando Gomes e
Dr. Renato Costa, tiveram votações expressivas e o primeiro foi eleito. Na
minha propaganda eu dizia que ía peneirar para derrubar os dois e o terceiro
cairia sozinho. Éramos seis candidatos
ao todo, inclusive Davidson Magalhães (bom tribuna), e dois professores,
Guilherme Santos e um professor do bairro Pedro Gerônimo. Nada tinha prá dar, a
não ser, esperança de uma administração voltada para os mais simples
.Deixei clara a minha paixão por
Itabuna, gravando um disco com treze(l3) músicas que compus, de coração e que
falam das coisas daqui. Voltei a São Paulo em DOIS MIL E CINCO desta feita para
registrar várias músicas e tentar divulgação de algumas. Mas, o ambiente é
fechado, depende de padrinhos. Sou filiado a SICAN desde l979 que cobra Direitos Autorais, não obstante ter
tentado me engajar em uma outra que foi fundada pelo cantor FRANK AGUIAR, más,
depois a ECAD, ( Organização que superintende as arrecadadoras de Direitos
Autorais no País, mandou-me comunicação informando que eu teria que escolher onde ficava pois a Organização de Frank Aguiar estava ilegal e
uma porção de coisas.. Respondi que ficaria onde comecei e que assim procedi
por ignorar que havia impedimento. Fiz registrar na Biblioteca Nacional no Rio
de Janeiro, aproximadamente, oitocentos poemas em cinco volumes que dei o
título “O QUE PUDE CANTAR” , para cada
cidade desta Região, que sou apaixonado, fiz uma música e gravei em CD, falo
das práias de Ilhéus e outras cidades, perfazendo um total de Oitenta e quatro
cidades e seis(6) Distritos. Teria a honra de ser cognominado: “ O Poeta do
Cacau”, me encheria de orgulho muito grande! Fui advogado dos portadores de
AIDS e em favor de vários clientes tive que fazer vários procedimentos à
Justiça Federal em Ilhéus, no quarto Governo de Fernando Gomes, Val Cabral era
o Chefe do Posto local. Consegui algumas
vitórias e me dei por satisfeito. Hoje, beirando meus oitenta e dois anos, com
um segundo marca-passo, próstata extraída para evitar fechamento do canal,
operado de catarata e dentadura móvel, posso dizer que sou FELIZ. Com a
colaboração da minha esposa NEIDE PRADO SANTOS, tenho um família composta de
quatro(4) filhos, nove netos e onze bisnetos. Daí dizer a Itabuna, na música
“Eu Cantei Itabuna “, que aqui criei raízes profundas. Hoje somos Vinte e
sies(26) almas para servir a DEUS o criador. Se perguntarem minha opinião a
respeito da vida. Permitam-me dizer: EU VIVÍ. Romilton Teles
Santos-Capricorniano de 29 de dezembro de l934. Mais uma vez peço a Itabuna que
meu corpo fique aqui.
que estava na porta da pensão e fosse para Santo Antonio
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